Iniciativa BNDES Mata Atlântica - Projeto Furb
FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau
Projeto
Restauração de 500 hectares de Mata Atlântica no Parque Nacional da Serra do Itajaí, Estado de Santa Catarina.
Apoio
R$ 4,9 milhões.
Objetivo do Projeto
O objetivo do projeto é a restauração ecológica de 500 hectares de Mata Atlântica no Parque Nacional da Serra do Itajaí - PNSI, em Santa Catarina, unidade de conservação brasileira de proteção integral criada em 04.06.2004 através de decreto presidencial[1].
Administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e considerado uma Zona Núcleo da Reserva da Biosfera[2], o Parque possui uma área de 57.374 hectares e está localizado no Estado de Santa Catarina.
Localização das Áreas
As áreas a serem restauradas estão todas localizadas no interior do PNSI, que abriga milhares de nascentes que abastecem cerca de um milhão de habitantes do Vale do Itajaí em Santa Catarina (figura 1).
Figura 1 - Parque Nacional da Serra do Itajaí
Estas áreas o estão na zona de recuperação estabelecida pelo Plano de Manejo do PNSI (figura 2), encontram-se antropizadas em elevado grau e situam-se em dois sítios no município de Indaial:
- Faxinal do Bepe (435 hectares);
- Possamai (65 hectares).
Figura 2 - situação das terras quanto ao aspecto da degradação
Condições Atuais das Áreas
O objetivo do projeto é a restauração ecológica de 500 hectares de Mata Atlântica no Parque Nacional da Serra do Itajaí - PNSI, em Santa Catarina, unidade de conservação brasileira de proteção integral criada em 04.06.2004 através de decreto presidencial .
Administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e considerado uma Zona Núcleo da Reserva da Biosfera , o Parque possui uma área de 57.374 hectares e está localizado no Estado de Santa Catarina.
As áreas a serem restauradas estão todas localizadas no interior do PNSI, que abriga milhares de nascentes que abastecem cerca de um milhão de habitantes do Vale do Itajaí em Santa Catarina. (figura 1).
As áreas deste projeto estão na zona de recuperação estabelecida pelo Plano de Manejo do PNSI (figura 2), encontram-se muito antropizadas e situam-se em dois sítios no município de Indaial:
- Faxinal do Bepe (435 hectares);
- Possamai (65 hectares).
Figura 2 - situação das terras quanto ao aspecto da degradação
Condições Atuais das Áreas
Na área conhecida como Faxinal do Bepe, a presença da agricultura nas áreas de várzea e de pastagem em encostas e topos de morro é marcante (figuras 3, 4 e 5).
Figura 3 - Área de várzea utilizada para agricultura
Figura 4 - Área de pastagem e plantio de milho dentro da PNSI
Figura 5 - Vista ampla do Faxinal do Bepe
Já na área conhecida como Possamai, a antropização se deu através da utilização de espécie exótica invasora para a produção de madeira, especificamente o gênero Pinus spp. (figura 6)
Figura 6 - Possamai: área com declividades, muitos pinus e samambaias
A vegetação no Faxinal do Bepe está formada por muitas baixadas com coqueirais nos banhados, vários deles destruídos. Atualmente a área é coberta por pastagens (cerca de 90%) e culturas agrícolas como milho, feijão, arroz e hortaliças (cerca de 10%). Espécies arbóreas nativas se restringem a alguns indivíduos remanescentes das pastagens e ao longo dos caminhos e estradas. Diversas espécies herbáceas invasoras são observadas.
Na área denominada Possamai, o reflorestamento de Pinus sp. foi cessado em 2005. Atualmente ocorrem nela trechos cobertos principalmente por Pteridium aquilinum (samambaia-das-taperas), Chusquea sp. (cará) e Merostachys sp. (taquara). Estes elementos da sucessão em solos degradados formam uma densa cobertura vegetal, impedindo o estabelecimento de plantas arbóreas pioneiras e secundárias iniciais que possam levar adiante o processo sucessional. Existem trechos com intensa regeneração de Pinus sp., inclusive em áreas de difícil acesso como topos de morros. A altura média da vegetação existente é de 4 metros aproximadamente. A declividade do terreno é acentuada, predominando áreas com declividade entre 20 e 40%. Praticamente não há áreas planas nesta região.
Aspectos Técnicos
Ações Preliminares
No Plano de Manejo do PNSI, aprovado pela Portaria ICMBio/MMA nº 53, de 26/06/2009, o levantamento planialtimétrico, hidrográfico e florístico nas duas áreas de interesse as qualificou sumariamente como degradadas, o que torna necessário incorporar ao escopo do projeto a realização das seguintes ações iniciais:
- Levantamento planialtimétrico a partir de imagens de satélite e modelagem numérica do terreno; quantificação das áreas em cada classe de declividade;
- Levantamento florístico por caminhamento para identificar a flora herbácea, arbustiva e arbórea existente;
- Estimativa de áreas por tipo de cobertura predominante, principalmente na área Possamai;
- Mapeamento geológico, geomorfológico e geotécnico integrado com o zoneamento pedológico (isto é, dos solos), para entendimento das interações relevo-rocha-solo-clima.
Os trabalhos se desenvolverão em várias etapas, incluindo a elaboração de uma cartografia planialtimétrica básica, fotointerpretação de imagens aéreas, caminhamento de campo, sondagem a trado, mapeamento dos litotipos, elaboração de topossequências do solo e caracterização das unidades morfológicas de dissecação (erosão) e de agradação (acumulação).
Esta metodologia permitirá inclusive identificar as variáveis mais relevantes, o grau de fragilidade da área e os fluxos de matéria e energia, tais como, deslizamentos, escoamento de água, erosão e fluxos de semente pela área a ser recuperada. Com a identificação dos elementos facilitadores e dos fatores dificultadores da recuperação, as ações do projeto de restauração serão otimizadas, tanto no que diz respeito aos custos, quanto ao tempo de restauração.
Nas áreas instabilizadas que porventura existam dentro das áreas a serem restauradas, serão aplicadas medidas de estabilização geológica através da bioengenharia, como terraços estabilizadores (breitlagen) e cordões de vegetação com uso de materiais naturais existentes no próprio local, incluindo impermeabilização de fendas com argilas e, se necessário, drenagens revestidas com materiais biodegradáveis. Para essas atividades serão treinadas pessoas da comunidade do entorno do Parque Nacional da Serra do Itajaí. Não serão utilizadas obras estruturais de contenção.
Seleção de Árvores Matrizes
O projeto identificará as árvores matrizes que fornecerão as sementes para a restauração. Visando garantir a variabilidade genética das populações, serão observados os aspectos fenotípicos das árvores como vigor, forma do tronco, tamanho da copa e frutificação, e a sua distribuição geográfica, formando lotes de sementes originados de indivíduos não aparentados. As matrizes serão selecionadas na abrangência do PNSI e distribuídas nos diferentes ambientes altitudinais. Sua identificação será efetuada com plaquetas plásticas numeradas e será gerado um mapa da localização georreferenciada de todas as matrizes marcadas.
Coleta, Beneficiamento, Análise e Armazenamento de Sementes
A coleta de sementes observará algumas características inerentes à espécie a ser coletada, como o local e a época do ano e o ponto de maturação dos frutos. Na coleta serão utilizadas ferramentas como cinturões de segurança, equipamentos de alpinismo, esporões, escadas, tesouras de poda, facões e rastelos. Além da segurança, serão observados os cuidados necessários para colherem-se apenas os frutos, com o menor dano possível aos ramos terminais, garantindo a frutificação da árvore matriz nos anos seguintes.
O beneficiamento e a análise das sementes serão efetuados no laboratório de silvicultura, junto ao Horto Florestal da FURB, em Gaspar. A cada quatro meses de armazenamento serão avaliados o poder germinativo, a pureza, o teor de umidade e peso das sementes.
O projeto prevê a instalação de duas câmaras frias no viveiro da FURB visando manter o controle contínuo de ambientes com diferentes faixas de temperatura e umidade relativa do ar.
Origem e Produção das Mudas
O projeto prevê a produção de 520 mil mudas de espécies nativas da região de abrangência do PNSI. Serão 130 mil mudas por ano, no período de quatro anos, produzidas através dos seguintes viveiros:
- Viveiro temporário a ser instalado no interior do PNSI
Um viveiro temporário será instalado na subsede do antigo Parque das Nascentes, em Ribeirão do Encano, Blumenau, a uma distância de 6 a 15 km das áreas de restauração. Os investimentos envolvem instalação de drenos, 16 canteiros com pisos de brita, sistema de irrigação e galpão de 200 m2 para armazenar insumos (substratos, fertilizantes e sementes), ferramentas, máquinas e abrigar áreas administrativa, operacional de preparo do substrato e enchimento dos recipientes e uma área maior, coberta com sombrite, para receber as mudas, além da construção de uma casa de vegetação.
- Viveiro do Departamento de Engenharia Florestal - FURB
O viveiro do departamento de Engenharia Florestal da FURB está estruturado para a produção de mudas de espécies florestais nativas através de recipientes plásticos. A estrutura compreende canteiros instalados, sistema de irrigação, ferramentas e instalações. O projeto prevê investimentos na instalação de canteiros para bandejas e tubetes e construção de outra casa de vegetação com 150 m2, também equipada com controle automático de umidade do ar e temperatura para permitir a produção das mudas no período de inverno sem comprometer o cronograma de produção e plantio nas áreas em restauração.
Técnica de Reflorestamento
O projeto prevê as seguintes técnicas de restauração:
A) Plantio total
Será aplicado em área de 300 hectares, sem cobertura vegetal arbórea, usada para pastagem, com vegetação regenerante pouco desenvolvida, formada por espécies arbustivas e herbáceas.
Serão utilizadas espécies arbóreas nativas dos estágios pioneiro e secundário da vegetação, na densidade de 1.666 plantas/ha[3], para proporcionar alterações no solo e no clima, facilitar a atração da fauna dispersora e acelerar o estabelecimento das cadeias tróficas e energéticas do ecossistema em reconstrução.
As espécies pioneiras serão plantadas em densidade de 1.111 mudas/ha e as espécies secundárias em densidade de 555 mudas/ha, totalizando 499.800 mudas.
A variedade de espécies presentes no PNSI é grande e sua seleção será realizada para cada área a ser restaurada, levando em conta as áreas de entorno.
O preparo da área para o plantio consistirá na abertura de covas e na execução de um coroamento, para evitar a competição excessiva da vegetação arbustiva com as mudas plantadas. As coroas terão raio de 30 cm e serão efetuadas manualmente com auxílio de enxadas ou enxadões. As covas serão abertas com enxadas ou enxadões e terão dimensões aproximadas de 30 x 30 x 30 cm.
B) Enriquecimento da vegetação natural
Este método de restauração da vegetação natural será aplicado em 65 hectares de áreas do Possomai onde foi realizada a extração de Pinus spp. e a vegetação regenerante apresenta em sua composição espécies arbóreas distribuídas de forma isolada e sem a formação de estratos.
Serão utilizadas espécies arbóreas nativas dos estágios secundário (inicial e tardio) da vegetação natural de ocorrência local. Considera-se que as espécies pioneiras já estão presentes em densidade e diversidade suficientes, proporcionando um ambiente edafoclimático[4]; propício para instalação das espécies secundárias iniciais e tardias.
O enriquecimento através de espécies secundárias será realizado com a densidade de 320 mudas/ha e totalizará 20.800 mudas.
C) Indução da regeneração natural
Será aplicada em área de 135 hectares no Faxinal do Bepe e envolverá:
- Ativação do Banco de Sementes: revolvimento do solo onde não há regeneração de espécies nativas ou onde a regeneração encontra-se muito incipiente.
- Semeadura Direta: lanço de sementes em densidades superiores a dois mil por hectare.
- Coleta de chuva de Sementes: coleta de sementes através de painéis de tela plástica de 1m x 1m e sua transposição para outras áreas.
- Aproveitamento de poleiros naturais: árvores remanescentes localizadas em áreas de pastagem ou nos estágios iniciais da sucessão, com algum atrativo para as aves, como frutos, material para ninho, local de descanso, entre outros, para aumentar a probabilidade de chegada de sementes, por meio da defecação ou regurgitação da fauna, de espécies da flora de estágios mais avançados da sucessão;
- Instalação de poleiros artificiais: para atrair dispersores e aumentar a entrada de sementes em áreas degradadas, como pastagens e áreas agrícolas abandonadas, acelerando a sua restauração;
- Transposição de Solo, retirada da serrapilheira e da camada superficial do solo em pontos aleatórios de áreas adjacentes de vegetação secundária e transposição para áreas a recuperar;
- Transposição de galhadas, para formar núcleos de biodiversidade e incorporar matéria orgânica no solo, que será fonte de germinação e rebrota de sementes, além de proporcionar abrigo e microclima para uma fauna diversificada.
Manutenção
as áreas em restauração e sob regeneração natural, são realizadas periodicamente operações de manutenção para assegurar que as mudas vençam a concorrência de espécies exóticas invasoras. O projeto treinará uma equipe composta por pessoas da comunidade para o reconhecimento e controle das espécies invasoras (por meio de capina, roçada, anelamento, corte ou controle químico). Por exemplo, a presença de exemplares adultos de Pinus spp. poderá ser controlada através de anelamento, transformando-os em poleiros para a avifauna. Onde a área tiver inclinação acentuada, desfavorecendo a aplicação da técnica do anelamento, a técnica de controle será através da injeção de herbicida em seu tronco. O mesmo ocorrerá para as outras espécies exóticas presentes na área. Sempre será analisada a forma ambientalmente mais viável de controle e respeitado o que preconiza o Plano de Manejo do PNSI.
A manutenção contempla também o controle de pragas e doenças, principalmente o controle de formiga cortadeira nos primeiros 24 meses, com iscas formicidas Macex, formicida natural extraído da flora nativa brasileira, certificado para uso em agricultura orgânica.
A presença de outros insetos, pragas e doenças será controlada com técnicas alternativas, como o controle biológico, cultural e biotécnico, em vez do químico. O controle somente será efetuado se houver risco de morte para as mudas, ou se detectar a ocorrência de praga ou doença exótica.
A manutenção e o monitoramento das áreas serão efetuados durante os quatro anos do projeto, com maior intensidade na primavera e no verão.
A utilização de espécies nativas ameaçadas levará em conta a densidade natural de ocorrência nas áreas do Parque Nacional da Serra do Itajaí. O plantio será realizado em dois anos, no período de março a dezembro, e as atividades de manutenção irão persistir por dois anos após plantio.
Monitoramento e Avaliação
O monitoramento do desenvolvimento das áreas de restauração consiste na medição periódica do desenvolvimento de plantas arbóreas e arbustivas, bem como no levantamento da flora e da fauna em parcelas permanentes implantadas nas áreas de restauração. O levantamento florístico fornecerá informações adicionais importantes sobre o processo e condicionantes de recuperação, bem como sobre o potencial do sítio.
Os resultados dos vários métodos (modelos) de restauração aplicados serão comparados de acordo com as condições de campo encontradas, o que permitirá fazer indicações para trabalhos futuros. Dessa forma, fica evidente que o projeto em tela contempla um viés preponderantemente de pesquisa face à variedade de técnicas que serão empregadas de maneira entrelaçada e harmoniosa para recompor a cobertura vegetal do PNSI.
As metodologias de monitoramento e avaliação e as formas de disseminação dos resultados são:
- Nas áreas de pastagem - avaliações anuais de dados envolvendo sobrevivência, mortalidade, crescimento, número de indivíduos por espécie, altura total, diâmetro à altura do colo, vigor e sanidade das plantas, em:
- 40 parcelas permanentes de plantio localizadas nas planícies e nas encostas contendo 100 mudas plantadas cada uma, somando 4 mil mudas acompanhadas; e
- 70 parcelas permanentes com 100 m2 cada, das quais 10 parcelas em áreas sem tratamento (testemunhas), totalizando 7.000 m2 de área avaliada.
- Nas áreas com vegetação pioneira e plantas exóticas - levantamento anual de dados como o número de indivíduos por espécie, a altura total e o diâmetro à altura do colo, o vigor e a sanidade da planta em:
- 20 parcelas permanentes com 100 mudas plantadas cada uma, somando 2 mil mudas acompanhadas; e
- 40 parcelas permanentes com 100m2 cada, das quais 10 parcelas em áreas sem tratamento (testemunhas), totalizando 4.0002 de área avaliada.
- Índice de Área Foliar (Leaf Area Índex - LAI) é uma importante variável da vegetação e quantifica a área foliar de toda a vegetação por metro quadrado de área levantada. O LAI se correlaciona com a biomassa da vegetação e é também usado para descrever a relação entre desenvolvimento da vegetação e sua resposta espectral em imagens multi-espectrais de sensoriamento remoto. Pretende-se acompanhar o desenvolvimento do LAI através de medições periódicas com o equipamento Plant Canopy Analyzer LI-COR 2000.
- Herpetofauna (répteis e anuros) - monitoramento dos habitats aquáticos e terrestres nos diferentes estágios da restauração dos ambientes degradados do PNSI, correlacionando a diversidade e abundância de espécies em ampla faixa de condições físicas e estruturais de habitats. Será elaborado um guia da herpetofauna com mapa de ocorrências para o PNSI.
- Entomofauna (insetos) – avaliação da adaptação das espécies às áreas sob restauração e medição de sua influência neste processo. Os dados coletados servirão para o cálculo de índices ecológicos que serão usados para comparar as áreas e técnicas aplicadas, tais como: riqueza, dominância, constância, diversidade e abundância para os grupos de insetos coletados. Todo o material coletado será identificado, pelo menos, ao nível de ordem e família.
- Mamíferos voadores (morcegos) - as relações mutualísticas entre plantas e animais têm grande importância ecológica no processo de sucessão secundária. Para a dispersão de seus propágulos, uma grande proporção da flora das florestas tropicais depende da fauna de vertebrados frugívoros[5], grupo no qual se encontram os morcegos. As espécies de morcegos mais efetivas na dispersão de sementes nas áreas de estudo serão avaliadas qualitativamente.
- Avifauna - será realizado levantamento visual e auditivo da avifauna e calculados índices ecológicos para caracterizar a evolução da comunidade de aves durante a restauração, tais como frequência de ocorrência, índice de diversidade e de equidistribuição ou equidade.
- Poleiros - serão instalados quatro poleiros naturais e quatro poleiros artificiais para monitoramento, avaliação e controle da regeneração natural e introduzida.
Percebe-se, pois, que o monitoramento do projeto, ao reunir diversos métodos, confere à presente restauração um caráter de pesquisa e base para estudos sobre o funcionamento do sistema ecológico do PNSI.
Ameaças
- Gado. As áreas elencadas neste projeto encontram-se dentro da Zona de Recuperação mapeada pelo plano de manejo do PNSI e estão próximas a outras áreas também antropizadas. Dentre estas áreas, destaca-se a fazenda Santa Rita, com 221 hectares e cerca de 200 cabeças de gado. Não se pode descartar a possibilidade de que cabeças de gado desçam até o Faxinal do Bepe e invadam as áreas sob restauração. Este risco é considerado moderado, pois consta que é pouco frequente. Entre as formas de mitigação destacam-se a conscientização dos moradores da Fazenda Santa Rita e a fiscalização das porteiras na estrada de acesso.
- Incêndios Florestais. A ocorrência de incêndio florestal é risco baixo na área do parque e moderado nas áreas de entorno, nos períodos do outono e inverno, quando as características ambientais se tornam mais propícias ao fogo. As formas de mitigação deste risco incluem o monitoramento das condições meteorológicas locais por meio de uma estação meteorológica portátil e o cálculo do índice de perigo de incêndios baseado na fórmula de Monte Alegre, com sua divulgação em painéis na área. O projeto inclui o treinamento do pessoal de campo no combate a focos de incêndio, realizado pelo coordenador e por pessoal do PREVFOGO do IBAMA/ICMBio. Há sete unidades do Corpo de Bombeiros próximas à região do PNSI, que poderão ser acionadas.
- Pragas e Doenças. Este risco é alto, uma vez que as mudas são formadas, em sua maioria, por tecidos meristemáticos[6].
- Déficit Hídrico. Períodos de estiagem não causam grandes preocupações e são considerados, como a ocorrência de incêndios, de risco baixo. Como medida mitigatória, o projeto prevê o monitoramento climático da área e a comparação com a série histórica, que baseará decisão sobre a realização ou não de plantios nos períodos de menor precipitação pluviométrica.
- Acessibilidade às Áreas do Projeto. A grande precipitação que normalmente ocorre na região pode se transformar em risco ao desenvolvimento normal das atividades do projeto, fazendo com que o acesso às áreas de trabalho fique prejudicado. Considera-se, pelo histórico de precipitações característico da região, associado à qualidade das estradas de acesso e topografia do PNSI, que o risco é alto. Dentre as medidas mitigatórias estão a instalação de estação de rádio, que favorecerá a solicitação de deslocamento para tal, e também a aquisição de veículos “off-road” mais adaptados a este tipo de terreno.
- Conflitos com a Comunidade Local. No caso do Faxinal do Bepe e do Possamai, a questão fundiária quanto às indenizações pela desapropriação para constituição do Parque está resolvida parcialmente, pois os antigos proprietários de terra no Faxinal do Bepe já foram ou estão em vias de indenização. Por essa razão, considera-se baixo o risco de conflitos com a comunidade local.
Disseminação do projeto e seus resultados
Para ampliar a divulgação dos resultados, o projeto propõe algumas ações de comunicação, tais como palestras e cursos na rede de ensino formal dos municípios abrangidos pelo PNSI, publicação de artigos em revistas especializadas e produção de Manual Prático para Restauração de Áreas Degradadas no Vale do Itajaí.
Mais informações: www.furb.br
1. Decreto presidencial sem número. [voltar ao texto]
2. A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - RBMA é uma área reconhecida pela UNESCO como a primeira unidade da Rede Mundial de Reservas da Biosfera declarada no Brasil. É a maior reserva da biosfera em área florestada do planeta, com cerca de 35 milhões de hectares, abrangendo áreas de 15 dos 17 estados brasileiros onde ocorre a Mata Atlântica, o que permite sua atuação na escala de todo o Bioma. Maiores informações no site www.rbma.org.br [voltar ao texto]
3. Esta densidade corresponde a um espaçamento de 2 x 3 metros entre as árvores. [voltar ao texto]
4. Endafoclimático: referente ao solo e ao clima. [voltar ao texto]
5. Frugívoro é o animal cuja dieta se compõe principalmente de frutos. [voltar ao texto]
6. Células meristemáticas em vegetais são análogas a células-tronco em animais. [voltar ao texto]