BNDES - Relatório Anual Integrado 2017

No fim de 2017, entrou em operação a primeira fase do Complexo Solar Pirapora, primeiro projeto de geração de energia solar financiado pelo BNDES, cuja capacidade de geração pode abastecer cerca de 190 mil domicílios. Com potência total instalada de 150 MW, o parque solar na cidade de Pirapora (MG) representa a concretização de investimentos significativos no setor – da ordem de R$ 940 milhões, sendo R$ 529 milhões financiados pelo Banco. Dividido em três fases, o projeto será, após sua conclusão, a maior planta solar na América Latina.

O projeto da Sabesp para interligação das represas Jaguari (bacia do rio Paraíba do Sul) e Atibainha (sistema Cantareira) tem o objetivo de garantir a disponibilidade de água no Sistema Integrado da Região Metropolitana de São Paulo com a captação de água na represa Jaguari e a transferência de vazão para a represa Atibainha, e vice-versa. O empreendimento vai beneficiar cerca de 10 milhões de pessoas e ajudar a evitar a crise de abastecimento enfrentada pela população de São Paulo entre 2014 e 2016. Realizado integralmente com R$ 555 milhões, cerca de 33% abaixo do valor inicial orçado, o empreendimento possibilitou grande economia de recursos. Contribuímos com 90% do valor total.

Em 2017, houve avanços e entregas nas obras do Metrô da Bahia (foto) – com a inauguração do trecho final prevista para 2018 –, do VLT Carioca – com a inauguração da estação Central em outubro de 2017 –, da Linha 5 (Lilás) do Metrô de São Paulo – cujo trecho Adolfo Pinheiro-Brooklin entrou em operação em novembro – e da Ponte Rio-Niterói – com conclusão do mergulhão, obra de 175 metros de extensão sob a Praça Renascença em Niterói –, todas financiadas pelo Banco.

A implantação de uma unidade de produção de etanol de segunda geração (E2G) da Raízen, que contou com nosso apoio, alcançou uma produção de 11 milhões de litros desse biocombustível na safra 2017-2018. A expectativa é de que a planta atinja sua capacidade plena na safra 2019-2020 (40 milhões de litros), tornando-se candidata a ser a primeira unidade produtora de E2G do mundo a alcançar viabilidade econômica. Como o E2G é obtido a partir de resíduos da produção agrícola, como bagaço e palha de cana, o projeto tem potencial para mudar o paradigma tecnológico do setor de biocombustíveis, afastando preocupações de alguns países relativas ao eventual dilema “biocombustíveis ou alimentos” e, assim, ampliando a demanda internacional pelo etanol brasileiro.

Aprovamos em 2017 o segundo financiamento para uma empresa brasileira de games, com recursos do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (BNDES Procult). O apoio financeiro, no valor de R$ 2,6 milhões, será destinado ao plano de investimentos 2016-2018 da Sioux Serviços de Informática Ltda., contribuindo para a ampliação de seus postos de trabalho em áreas como planejamento, design de jogos, projeção gráfica 3D, programação, suporte, gerenciamento de projetos e assessoria de imprensa.

Nossos desembolsos para cooperativas agroindustriais totalizaram mais de R$ 2,5 bilhões em 2017, propiciando investimentos na implantação e modernização de unidades de beneficiamento de grãos, armazéns, matrizeiros, unidades produtoras de leitões, fábricas de rações e frigoríficos de aves e suínos. A ampliação da capacidade de produção e armazenamento das cooperativas foi objeto também de novas operações aprovadas no ano, como o financiamento no valor de R$ 85 milhões para a Cotrijal, para aquisição de 14 unidades de recebimento e armazenamento de grãos; e as operações com a Cooperativa Aurora, para aquisição de um frigorífico de aves e um de suínos, em Erechim (RS) (foto), e ampliação de unidades de processamento de suínos, em Chapecó (SC).

Divulgamos durante o ano o resultado de duas etapas de seleção do Plano de Desenvolvimento, Sustentabilidade e Inovação no Setor de Mineração (Inova Mineral), realizado em parceria com a Finep e o INPI. A primeira delas contemplou 24 planos de investimento para o setor, incluindo projetos como um sistema integrado de monitoramento e gestão da integridade e conformidade de barragens de rejeitos; e uma plataforma tecnológica de grafeno. Os investimentos somam recursos da ordem de R$ 737 milhões, com participação de R$ 500 milhões do BNDES e da Finep. Na segunda etapa, foram selecionados mais 19 planos de investimento, com valor total de R$ 1,4 bilhão e foco no desenvolvimento de materiais, equipamentos e processos mais eficientes de transformação mineral.

Apoiamos a implantação de uma nova unidade de produção da Fibria, em Três Lagoas (MG), que tornará o complexo industrial da empresa um dos maiores sistemas de produção de celulose do mundo. A nova linha deverá produzir até 1,95 milhão de toneladas por ano de celulose de fibra curta, gerando receitas de cerca de US$ 1,2 bilhão em exportações. A iniciativa contemplou também a criação de um viveiro de mudas de eucalipto totalmente automatizado, com controle de sistema de irrigação, monitoramento climático e transporte automático de mudas com rastreamento. A nova planta é ambientalmente sustentável, sendo capaz de devolver ao meio ambiente água mais limpa do que a captada, bem como de recuperar químicos utilizados no processo de produção para gerar energia elétrica excedente, disponibilizada ao sistema interligado.

Trabalhamos ao longo do ano para atrair projetos de engenharia para o Brasil e consolidar a competência técnica local na indústria. Sob a liderança do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), demos apoio técnico também para a elaboração do novo regime automotivo – Rota 2030, que tem previsão de lançamento em 2018. Apoiamos ainda diferentes projetos relacionados à indústria automotiva com foco em inovação e sustentabilidade, como a inauguração de um centro de simulação dinâmica veicular da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), em parceria com a PUC Minas, que busca gerar inovações com foco na segurança de veículos, pessoas e sistemas viários.

Em outra frente de apoio à exportação, a linha BNDES Exim Pós-Embarque Bens e Aeronaves financiou, ao longo de 2017, US$ 662 milhões para a exportação de 25 aeronaves.

As operações de apoio à exportação de serviços de engenharia brasileiros passaram por uma reavaliação. Foram estabelecidos os seguintes critérios para sua continuidade: nível de execução do avanço físico do projeto; existência de equacionamento das fontes de recursos financeiros de cada projeto; nível de risco adicional do país devedor para cada operação; inexistência de fatos conhecidos que vinculem o projeto a atos ilícitos. Além disso, passamos a firmar termos de compromisso entre o país devedor, a empresa exportadora e o BNDES a fim de instituir novos mecanismos de controle e de punição no caso de irregularidades.

Selecionamos, por meio de chamada pública, o gestor do primeiro fundo de venture debt para apoio a pequenas e médias empresas inovadoras. A iniciativa faz parte de nosso esforço para apoiar o desenvolvimento do mercado de crédito corporativo de longo prazo, facilitando o acesso ao crédito pelas MPMEs, alongando prazos de financiamento, reduzindo taxas de juros e flexibilizando garantias, por meio do investimento em fundos de crédito corporativo privados, em parceira com outros investidores institucionais.

Estruturamos uma chamada pública do Fundo de Coinvestimento Anjo para seleção de startups que atuassem prioritariamente nos setores de agronegócios, biotecnologia, cidades inteligentes, economia criativa, nanotecnologia, novos materiais, saúde e tecnologias da informação e comunicação. Com duração de dez anos, esse fundo terá patrimônio estimado em R$ 100 milhões, dos quais R$ 40 milhões de participação da BNDESPAR, e apoiará empresas com receita operacional líquida anual de, no máximo, R$ 1 milhão.

A Vinci Partners foi selecionada para estruturar e gerir o Fundo de Energia Sustentável, um fundo de investimentos do setor de energia, com foco em projetos sustentáveis. Anunciado em 2016, o fundo foi registrado em agosto de 2017 e encontra-se em fase de captação com investidores. Seu patrimônio será de até R$ 500 milhões, com participação máxima de 50% da BNDESPAR.

Com a renovação do apoio, mais 6.821 cisternas serão instaladas em 68 municípios do semiárido brasileiro, distribuídos por nove estados. Além da cisterna, a operação inclui recursos para a compra de insumos, como sementes, mudas e pequenos animais, e infraestrutura para a formação de hortas, pomares, apriscos ou galinheiros, de acordo com a preferência e vocação da família apoiada. Nessa nova fase, o projeto prevê a oferta de serviços de acompanhamento familiar para inclusão social e produtiva para as famílias que estão em situação de pobreza e extrema pobreza (renda mensal per capita de até R$ 170 e R$ 85, respectivamente). Com isso, elas passam a receber acompanhamento técnico em práticas de manejo produtivo por até 24 meses. Isso permitirá que os beneficiários sejam elegíveis ao Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, um programa do Governo Federal cujo apoio consiste no repasse, pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), de recursos financeiros não reembolsáveis destinados à implantação de projeto produtivo.

O ano de 2017 foi marcado por um desembolso recorde do Fundo Amazônia, no valor total de R$ 223,7 milhões, representando um crescimento de 67% em relação ao ano anterior. O valor total dos projetos aprovados no ano também apresentou um aumento de 45% na comparação com 2016, chegando a R$ 235 milhões. Duas chamadas públicas foram lançadas durante o ano, visando o apoio a novos projetos. A primeira, no valor de até R$ 150 milhões, destinada à seleção de dez projetos capazes de promover a consolidação ou o fortalecimento de empreendimentos comunitários que preservem a floresta. A outra, com valor de R$ 200 milhões, voltada para a escolha de até cinco projetos de recuperação da cobertura vegetal que possam contribuir para a estruturação técnica e gerencial da cadeia produtiva do setor de reflorestamento e para a regularização ambiental de propriedades rurais.

Avançamos na reflexão sobre nossa atuação em educação e priorizamos de imediato os focos em inovação e gestão. Determinamos concentrar esforços no uso de tecnologias digitais e conectividade. Demos um passo nessa direção nos envolvendo na criação do Programa de Inovação Educação Conectada e nos comprometendo a participar de seu comitê consultivo. Ampliamos nossas ações de patrocínio à educação, campo essencial para o desenvolvimento do país. Com um apoio de R$ 3,4 milhões, patrocinamos parte do calendário de eventos e ações do Biênio da Matemática Brasil (2017-2018) (foto), que trouxe para o país a Olimpíada Internacional da Matemática e estimulou estudantes de todo o mundo a expandir seus conhecimentos na disciplina e na área científica.

Pela primeira vez, patrocinamos o Réveillon de Copacabana, um dos maiores eventos da cidade do Rio de Janeiro, em uma ação que buscou contribuir para o resgate da autoestima do carioca e para a retomada do turismo na cidade. Com público total de 2,8 milhões de pessoas, o patrocínio estimulou a ocupação hoteleira e o aquecimento da economia local.

Oferecemos uma diversificada programação cultural no Espaço Cultural BNDES, que abriga um teatro e uma galeria localizados em nosso edifício no centro do Rio de Janeiro. Ao longo do ano, realizamos mais de oitenta projetos, entre espetáculos musicais e exposições, todos inteiramente gratuitos e selecionados por editais públicos abertos a produtoras de todo o país. Dessa forma, contribuímos para a democratização do acesso à cultura e estimulamos a produção artística brasileira. Ao fim de 2017, o Espaço Cultural BNDES registrou o número de 30.409 visitantes.

Investimos, ao longo de 2017, um total de R$ 8,75 milhões na manutenção de centros de treinamento e na realização de competições. Assim, ajudamos nossos atletas a obter importantes resultados nos principais campeonatos da modalidade. Além do título no Campeonato Sul-Americano, realizado em Paipa (Colômbia), no qual o Brasil ficou com o maior número de medalhas (50), foram conquistadas premiações no Mundial Júnior Sub-23, na Copa do Mundo de Canoagem Velocidade e no Mundial de Slalom. Neste último a atleta Ana Sátila conquistou medalha de bronze (foto). A paracanoagem também trouxe resultados importantes para o país, como os títulos no Sul-Americano e no Pan-Americano, além do quinto lugar no Mundial.