Mensagem do presidente
O ano de 2018 caracterizou-se pela continuação das mudanças do ambiente de negócios em que o BNDES passou a operar depois de 2014.
Entre as principais mudanças, destaca-se a implementação do novo parâmetro dos juros de referência para financiamentos, a Taxa de Longo Prazo (TLP) em substituição à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para novas operações. Trata-se de uma profunda reforma, aprovada pela Lei 13.483/2017, que reconfigura a situação do crédito direcionado e a atuação do BNDES. Associada a essa lei, houve também a renegociação da dívida com o Tesouro Nacional, que, por alguns anos, constituiu a fonte principal de recursos adicionais para empréstimos do Banco. Essa renegociação promoveu um encurtamento dessa dívida e mudanças na sua remuneração, sem prejuízo de eventuais devoluções promovidas em decorrência da análise da demanda por recursos por parte dos clientes do BNDES.
Em resposta ao novo ambiente competitivo, o Banco vem reformulando seu modelo de negócios. Essa reformulação visa garantir clareza na forma de executar nossa missão de desenvolvimento, garantir a sustentabilidade financeira da instituição e fortalecer a organização, dinamizando cada vez mais nossa força de trabalho e formalizando projetos corporativos cuja implantação já se iniciou e seguirá pelos próximos semestres.
A missão do Banco se traduz em diversas linhas de ação, que incluem o apoio de atividades de infraestrutura (da preparação de projetos à estruturação de soluções financeiras em parceria com o setor privado), industrial (com ênfase na inovação), e serviços (da saúde ao turismo, também com forte componente de inovação). Acreditamos que nossa missão social é atendida quando estamos presentes no financiamento e na transformação do setor de saneamento e de outros serviços essenciais à população, inclusive na educação, base da competitividade do país e de melhora nas condições de vida dessa e das futuras gerações. Em todas as nossas atividades, também integramos a sustentabilidade e a atenção ao meio ambiente, garantindo a vitalidade do país no longo prazo.
Em termos financeiros, o novo ambiente se traduziu na construção de novos produtos, serviços e canais de distribuição, assim como na análise de novas formas de levantarmos recursos, no mercado e junto a fontes de recursos institucionais de custo favorecido ainda existentes, como os pertencentes ao FGTS. O corpo técnico do BNDES vem respondendo aos novos desafios e oportunidades fazendo valer sua excelência, abrindo-se cada vez mais ao diálogo e à mudança, em uma organização mais transversal e flexível, em que os diferentes talentos podem ser usados da melhor forma possível para atender aos clientes. O Banco também continua fortalecendo sua governança, em cooperação com seu Conselho de Administração e órgãos de controle externo.
Todas as mudanças que o Banco vem conduzindo vieram acompanhadas pela habilidade de manter a lucratividade da instituição, realizando, em alguns casos significativos, ganhos de capital. Embora a receita da intermediação financeira tenha caído em 2018, foi registrado lucro líquido de R$ 6,7 bilhões no exercício. Trata-se de um aumento de 8,5% em relação a 2017, explicado principalmente pelo aumento da venda de participações societárias, notadamente aquelas detidas pelas BNDESPAR. A redução da carteira de crédito manteve-se, passando de R$ 560 bilhões para R$ 520 bilhões, por conta de pré-pagamentos de clientes e um volume de desembolso mais contido. Com isso, foi possível reduzir a participação dos recursos do Tesouro Nacional nas fontes de financiamento do Banco, a qual caiu de 48% para 38%.
A redução da carteira de empréstimos e a valorização da carteira de renda variável resultaram em que nosso índice de Basileia passasse de 27,5%, ao fim de 2017, para 29,0%, em dezembro de 2018.
As transformações no BNDES continuam em 2019. Continuaremos sendo um ativo estratégico para apoiar o desenvolvimento da economia brasileira, na busca de trazê-la para a fronteira tecnológica e de eficiência global. Para isso, a inovação nas empresas, com novos processos e produtos, será cada vez mais importante, e queremos capitalizar o enorme potencial humano que há no Brasil. Não tendo mais linhas subsidiadas, o BNDES está focando no crédito de mais longo prazo, investindo em retomar sua liderança histórica na preparação de projetos de infraestrutura e de programas de privatização. Continuamos apoiando a melhora da gestão e governança das empresas, para fortalecer nossos mercados de capital.
Olhando para frente, vamos cada vez mais explorar formas de apoiar startups, a chamada indústria 4.0, o aumento da produtividade e adaptação climática da agropecuária, e os setores que podem ser transformadores como o aeroespacial, do gás natural, de energias renováveis, assim como os das várias ciências da vida. Em todos eles, o papel das empresas pequenas e médias vai ser valorizado e a atenção aos impactos sociais e ambientais, uma prioridade. O BNDES está aí para ser um catalisador do setor privado, apoiar o investimento e a concorrência.
Este é mais um ano em que apresentamos um relato integrado de nossa atuação, modelo que começamos a adotar em 2012 e que se tornou obrigatório pela Lei 13.303/2016 (nova Lei das Estatais). Consideramos que, ao envolver todas as áreas do Banco em um pensamento coletivo sobre nossa atuação, o relato integrado permite a reflexão sobre como e onde adicionamos valor, aprendendo com os êxitos e desafios da instituição e criando oportunidades de melhoria.
Agradecemos o engajamento e a participação de todos os funcionários do BNDES em nossa missão. Envidaremos esforços para superar nossas metas e atender às expectativas de nossos diversos públicos com transparência e rigor.
Convidamos todos para a leitura deste relatório. Estamos sempre abertos a sugestões e críticas, na busca por uma melhoria contínua de nossa atuação. Boa leitura!
Cordialmente,
Joaquim Levy
Presidente do BNDES