Entenda como o BNDES trabalha e conheça os principais destaques de nossa atuação em 2020
Baixe o PDF COMPLETO aqui.Em nosso Relatório Anual 2020, apresentamos nossa estratégia de atuação, nossa forma de trabalhar e nosso desempenho no ano de 2020.
Buscamos mostrar como geramos valor em curto, médio e longo prazos para toda a sociedade brasileira, de forma sustentável e socialmente responsável. Para isso, seguimos o modelo do relato integrado do International Integrated Report Council (IIRC) e o padrão da Global Reporting Initiative (GRI), além de direcionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).
A edição de 2020 do Relatório Anual foi aprovada pela Diretoria do Sistema BNDES em 6 de maio de 2021 e pelo Conselho de Administração em 28 de maio de 2021.
O ano de 2020 ficará marcado pela disseminação da Covid-19 e pelos desafios que ela impôs a aspectos essenciais de nossas vidas. No Brasil, como em outros países do mundo, o combate à pandemia envolveu o compromisso de todos, exigindo a participação de governos, empresas e indivíduos na busca de soluções para lidar com essa nova realidade.
A crise evidenciou, mais uma vez, a capacidade do BNDES de atuar de forma anticíclica, respondendo a necessidades urgentes do país e da população. A importância do Banco para a ampliação do crédito, especialmente a micro, pequenas e médias empresas (MPME), e para a manutenção de empregos e de renda ganhou destaque, mostrando que a instituição faz diferença na vida da população.
Esse impacto social e também ambiental – se pensarmos, por exemplo, no investimento em saneamento, energias renováveis ou preservação florestal – sempre esteve no cerne da missão do BNDES. Cada vez mais, é ele que passa a orientar e servir de métrica para toda e qualquer iniciativa do Banco. Em linha com os princípios ambiental, social e de governança, a instituição evolui na busca da efetividade, isto é, na entrega de resultados com impacto positivo direto para os brasileiros.
O futuro do BNDES, nesse sentido, parece já estar bem desenhado. Ele contempla setores tradicionais de atuação do Banco, a exemplo da infraestrutura e do setor produtivo, ainda que sob um olhar renovado para a sustentabilidade, a transição para economia de baixo carbono e a transformação digital. Abrange a atuação em educação, saúde e segurança, sempre com foco na melhoria dos serviços públicos entregues à população e na eficiência da administração pública.
É um caminho que tem como norte o impacto socioambiental e que passa também por uma ampliação das formas de atuar da instituição. Em um movimento que já vem ocorrendo, o Banco seguirá diversificando sua atuação para além do crédito, destacando-se na estruturação de projetos, na concessão de garantias, nos investimentos em fundos e na emissão de títulos verdes, apenas para citar alguns exemplos. Paralelamente, a concessão de crédito ganhará em alcance e capilaridade por meio da transformação digital do Banco e do desenvolvimento de novas soluções em parceria com agentes financeiros e fintechs. Isso aproxima o BNDES cada vez mais de MPMEs e empreendedores, potencializando o impacto da instituição em geração de emprego e de renda.
As parcerias com outras instituições, como fundos internacionais e bancos multilaterais ou instituições financeiras de desenvolvimento, serão outro passo importante nessa trajetória. Sinalizam que é preciso pensar na união de esforços e na composição de recursos para garantir resultados mais efetivos e duradouros para a atuação do Banco, alinhando-se ainda à preocupação com a sustentabilidade financeira. O crescente interesse mundial pelo investimento sustentável, nesse contexto, abre uma perspectiva muito favorável para que o BNDES se torne um catalisador de investimentos para o país.
Como representantes da instância máxima de governança do BNDES, reforçamos nosso compromisso com essa visão de futuro e com a estratégia traçada para que ela se concretize ao longo dos próximos anos. Os desafios trazidos pela pandemia persistem, e sabemos que 2021 exigirá novamente do Banco respostas efetivas para que o Brasil possa retomar uma trajetória de crescimento econômico ancorada na sustentabilidade.
Convidamos os leitores a conhecer o percurso feito pelo BNDES no ano de 2020 e as agendas estratégicas para o futuro, relatados de forma completa e integrada neste relatório. Ele é parte de nosso compromisso com a transparência e com uma comunicação mais direta com a sociedade.
Conselho de Administração
BNDES | BNDESPAR | FINAME
Um 2020 com foco no Brasil e nos brasileiros
No intenso e desafiador ano de 2020, a atuação do BNDES sustentou-se nos pilares disrupção, inovação, transparência e propósito.
A pandemia de Covid-19 mostrou-nos a importância de saber navegar no desconhecido. Flexibilidade e inovação tornaram-se atributos de grande valia para empresas, governos e sociedade.
O desafio foi ainda maior para o BNDES que, há pouco mais de um ano, enfrentava questões de ordem reputacional e estratégica. Questões típicas de instituições longevas, que, a depender de como são tratadas, podem ser uma oportunidade para tornar uma organização ainda mais forte, viva e permanente. E assim o fizemos.
O BNDES voltou-se aos seus valores e a seu propósito para se fortalecer e mergulhar neste futuro desconhecido, buscando melhorar a vida dos brasileiros, especialmente daqueles em condições de fragilidade.
Diante da pandemia, nossa equipe adaptou-se rapidamente e com criatividade: surgiram de forma espontânea squads, times multidisciplinares que atravessaram hierarquias e valorizaram redes de conhecimento, formando grupos de trabalho transversais. Isso tudo em home office.
Em relação à estratégia, o Banco consolidou-se como uma instituição de múltiplos produtos e serviços. Um colaborador e um incentivador do setor privado, trabalhando para complementá-lo. Esse movimento estratégico comprovou-se acertado, por exemplo, com a formação de um sindicato de bancos para apoiar com R$ 16 bilhões o setor elétrico por meio da Conta-Covid.
A dificuldade de financiamento das micro, pequenas e médias empresas (MPME), que sempre foi uma questão estrutural do Brasil, ficou ainda mais crítica em 2020. O BNDES precisou responder a anseios da sociedade empresarial por crédito. Conseguiu, em pouco tempo, digerir, entender e reagir ao novo cenário desconhecido, optando por focar os esforços nas MPMEs.
Além de diversas medidas anticíclicas de crédito, lançou então o FGI Peac, construído em conjunto com o Ministério da Economia, o Congresso Nacional, associações empresariais, setor financeiro e empresas. Esse instrumento de garantia, inovador em tão larga escala no Brasil, contribuiu para mitigar o risco percebido pelas instituições financeiras no apoio às MPMEs, permitindo que acessassem o crédito e se mantivessem ativas. Foram mais de R$ 90 bilhões em créditos proporcionados pelas garantias prestadas no programa.
O propósito de apoiar quem mais precisa também resultou em uma ação direta, o Matchfunding Salvando Vidas, por meio do qual, para cada real doado pela sociedade, o BNDES doou outro real. O resultado foi um dos maiores crowdfundings da história, que arrecadou R$ 79,1 milhões para as santas casas de saúde em, praticamente, todos os estados do Brasil. Foi um ato de solidariedade e comunhão de propósitos entre vinte empresas e mais de quinhentas pessoas físicas, que nos inspira a fazer mais.
Encerramos 2020 com mais de R$ 200 bilhões em apoio aos brasileiros (R$ 64,9 bilhões em desembolsos do Banco, além de outras ações emergenciais), contribuindo para gerar ou manter 4,7 milhões de empregos. Foram mais de 460 mil MPMEs e pessoas físicas apoiadas em operações de crédito e garantia. Cumprimos grande parte de nossas metas para o ano, ajustando nossa estratégia diante da nova realidade.
Não teríamos atingido tal patamar, não fosse a decisão do Ministério da Economia de suspender devoluções extraordinárias do BNDES ao Tesouro Nacional, previstas para 2020, e de orientar a concentração dos esforços em ações anticíclicas e na retomada econômica.
O BNDES também vendeu, no ano, cerca de R$ 45,4 bilhões em ações de emissão de grandes empresas. Reduzimos nosso grau de exposição ao mercado e realocamos recursos em outras atividades estratégicas para o desenvolvimento do país. Tais desinvestimentos fortalecem nossa capacidade financeira, contribuindo para manter um banco de desenvolvimento estável e sólido e para que chegássemos a um lucro líquido recorde, de R$ 20,7 bilhões.
Esse banco de desenvolvimento estável, sólido e confiável é o pilar para a agenda de futuro proposta pelo BNDES. A disponibilidade de recursos não é atualmente o principal gargalo para nosso desenvolvimento. Nossa maior carência é de bons projetos: boas modelagens, análise ambiental madura, planos de engenharia, contratos de concessão, adequação aos órgãos de controle e parametrização financeira adequada.
Em 2020, nós nos consolidamos como possivelmente o maior banco estruturador de projetos do Brasil em parâmetros per capita, com mais de cem projetos mandatados com potencial de investimento de R$ 200 bilhões. Essa robusta fábrica de projetos teve seus primeiros resultados concretos constatados em leilões de iluminação pública, saneamento básico e distribuição de energia elétrica.
O foco no impacto socioambiental também deu um salto dentro do BNDES. O trabalho já tradicional do Banco nesse setor ganhou mais força, antevendo as preocupações ambientais, sociais e de governança (ASG). Com isso, o Banco tornou-se mais aberto a relacionamentos externos, intensificando seus cuidados com o ambiente e a sociedade.
A transparência, franqueza e abertura continuaram em 2020. O BNDES Aberto tornou-se uma cultura proativa de informar, pelo desejo de explicar e elucidar. Todos esses esforços refletiram-se no reconhecimento pelo Tribunal de Contas da União de que o BNDES é a estatal federal com melhor nível de transparência das informações em seu site corporativo.
Nosso Conselho de Administração ganhou, ainda, integrantes de renome que reforçaram o compromisso do Banco com a sociedade, a transparência e a governança corporativa.
Tudo relatado neste documento, cuja integridade eu asseguro. Nosso relatório anual é resultado de um pensamento coletivo, que envolveu todas as áreas e diversas instâncias decisórias do BNDES, além de consulta externa para mapeamento dos temas materiais. O documento segue o modelo do relato integrado e da Global Reporting Initiative (GRI). É também nosso relatório de gestão.
Em 2021, a sociedade brasileira pode contar com um BNDES ainda mais preparado para atender a seus anseios, para atuar sempre onde ela mais precisar. Focaremos em executar a carteira já contratada da fábrica de projetos, coordenando esforços e recursos para melhorar os serviços públicos. Induziremos o mercado de crédito por meio de project finance e cofinanciamento, melhorando a governança das empresas e aumentando nossa gama de atuação, assumindo risco de projetos. Daremos especial atenção às MPMEs, responsáveis por mais de 50% dos empregos no país, mas que ainda enfrentam grandes restrições de crédito. Continuaremos nossa estratégia de desinvestimentos, com o objetivo de alinhar nossa carteira ao propósito de um banco de desenvolvimento, reposicionando atividades de investimentos para negócios de impacto socioambiental. Lideraremos o processo ambiental, social e de governança no Brasil, gerando oportunidades de negócios para induzir clientes a se beneficiarem com a sustentabilidade, favorecendo a competitividade do país. Com senso de propósito, atuando de forma colaborativa e inovadora, buscaremos dar continuidade a uma atuação transformacional, com grande impacto para o Brasil.
Gustavo Montezano
Presidente do BNDES
Somos o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Economia, sendo o principal instrumento do Governo Federal para financiamento de longo prazo e investimento nos diversos segmentos da economia brasileira. Operamos desde 1952 e somos um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo.
O Sistema BNDES é formado por três empresas: o BNDES e suas subsidiárias – a BNDES Participações S.A. (BNDESPAR), que atua no mercado de capitais, e a Agência Especial de Financiamento Industrial (FINAME), dedicada ao fomento da produção e da comercialização de máquinas e equipamentos.
Operamos em todo o território nacional, a partir de nosso escritório no Rio de Janeiro (RJ), onde estão concentradas nossas atividades, de nossa sede oficial em Brasília (DF), e de representações regionais em São Paulo (SP) e no Recife (PE).
Somos 2.518 empregados, comprometidos com o desenvolvimento do Brasil e sempre em busca da excelência.
Anualmente, em conformidade com a Lei das Estatais, atualizamos nossa estratégia de longo prazo, analisamos os riscos e as oportunidades para, no mínimo, os próximos cinco anos e definimos nosso plano de negócios para o ano seguinte.
Nosso mapa estratégico foi revisado em maio e em dezembro de 2020. Diante do surgimento da pandemia de Covid-19, no início de 2020, incluímos o tema “Anticíclico emergencial” entre nossas missões transversais. No fim de 2020, houve nova revisão, com o fim da divisão das missões em setoriais e transversais, entre outras alterações importantes, como a junção de “Educação, saúde e segurança” e “Sustentabilidade” na missão “Socioambiental”, e a incorporação de “Desestatização” na missão “Modernização do Estado e desenvolvimento territorial”.
O primeiro nível do mapa apresenta nossas missões e seus objetivos estratégicos. O segundo refere-se aos processos internos e objetivos institucionais corporativos – o que precisa ser feito internamente para atingir as missões do desenvolvimento. Na base do mapa, dando sustentação à estratégia, estão as pessoas e os recursos em tecnologia de informação (TI). Nossas missões estão associadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e aos eixos da Estratégia Federal de Desenvolvimento.
Transformar a vida de gerações de brasileiros, promovendo desenvolvimento sustentável.
Ética, espírito público e compromisso com o desenvolvimento.
Transparência, efetividade, diálogo, cooperação e busca pela excelência.
Viabilizar soluções que adicionem investimentos para o desenvolvimento sustentável da nação brasileira.
Ser o banco de desenvolvimento sustentável brasileiro.
Os temas materiais são aqueles considerados mais relevantes no ano em relação a seu impacto social e ambiental e na capacidade de a instituição gerar valor. Foram definidos após pesquisa com diversos públicos e análise de nossos superintendentes e Diretoria.
Na qualidade de banco de desenvolvimento, com importante papel anticíclico, atuamos em coordenação com o Governo Federal para atenuar os efeitos da crise econômica e social causada pelo novo coronavírus. Oferecemos uma ampla gama de soluções de crédito para os segmentos mais afetados, como MPMEs, setores de saúde, empresas de segmentos particularmente afetados pela crise, além de entes subnacionais e firmas que poderiam ter dificuldades de honrar suas dívidas e compromissos previamente contratados.
Em 2020, consolidamos nossa atuação como banco de serviços e fábrica de projetos, com a formação de uma carteira de projetos e com o estabelecimento de governança, processos e sistemas. Fechamos o ano com 121 ativos mandatados em nossa carteira de projetos, que demandarão investimentos privados de R$ 223 bilhões, além de 24 empresas estatais a serem desestatizadas, em diversos setores.
Como banco de desenvolvimento, buscamos ser um indutor de práticas de mercado e um lócus de debate para novos padrões de sustentabilidade. Por isso, contamos com políticas operacionais com condições diferenciadas para investimentos sustentáveis ou que colaborem com a transição para uma economia de baixo carbono. Em 2020, reformulamos questionários socioambientais para nossos clientes e agentes financeiros, validamos nova metodologia de classificação de risco socioambiental, além de lançar novos produtos como debêntures sustentáveis, a linha Finame Baixo Carbono e o RenovaBio.
Os principais objetivos de nossa estratégia de desinvestimentos são reduzir a concentração da carteira em empresas maduras, realocar os recursos em atividades mais produtivas e reduzir a exposição a risco de mercado. Em 2020, nossos desinvestimentos totalizaram em termos de receita de venda, R$ 45,4 bilhões, decorrentes principalmente da venda de ações da Petrobras, da Vale e da Suzano.
Revisamos nosso estatuto social, em 2020, com base no estatuto-modelo de governança das estatais, lançado pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest). Entre outras mudanças, destacamos e reorganizamos incisos que tratam de nosso objetivo social, para conferir maior visibilidade a atividades como a prestação de garantias; alteramos as alçadas de aprovação de algumas atividades; além de excluir a limitação que impedia o BNDES e seu acionista único de disporem, integralmente, da opção de distribuição de dividendos a título de pagamento de juros sobre o capital próprio. O novo estatuto foi homologado pelo Banco Central em março de 2021.
O principal desafio atual, brasileiro e mundial, é o enfrentamento da pandemia de Covid-19. Temos, como banco de desenvolvimento, um importante papel de caráter anticíclico e emergencial a fim de amortecer os impactos econômicos e sociais negativos da pandemia. A exemplo do ocorrido em 2020, devemos continuar a mobilizar esforços para as áreas de saúde, tanto no curto prazo, apoiando as medidas de combate à Covid-19, como em médio e longo prazos, concentrando ações na melhoria do sistema de saúde direcionado às demais enfermidades.
No contexto global, atribui-se grande relevância às ações voltadas para lidar com a questão das mudanças climáticas globais e, sobretudo, para atingir os ODS da ONU. É por isso que, em nosso planejamento estratégico, relacionamos nossas agendas a cada um dos 17 ODS. Já no contexto interno, os investimentos em infraestrutura ganham destaque. Para que o país alcance um estoque de capital mais próximo da média das principais economias mundiais (de 70%), a taxa de investimento em infraestrutura teria de aumentar para 4,2% do PIB e permanecer nesse patamar por, pelo menos, duas décadas.
Nossa visão é “ser o Banco de desenvolvimento sustentável brasileiro”. Para alcançá-la, temos como desafio contínuo garantir a transparência de nossas ações, promover parcerias com outras instituições e travar um diálogo significativo com a sociedade. Essas atitudes são fundamentais para aprimorar nossa atuação e ser um banco ainda mais a serviço da população hoje e no futuro.