Conhecimento e experiência institucional – sessenta anos de história


Ao completar seis décadas em 2012, o BNDES comemorou o ano que marcou seus sessenta anos de existência com a certeza de que vem cumprindo seu papel de promover o desenvolvimento sustentável da economia brasileira. Ao longo desse período, o BNDES financiou investimentos em infraestrutura, indústria de base, exportações e diversos outros setores, consolidando grandes transformações no país. Talvez por isso seja lugar-comum a frase em que se afirma que a história do Banco se confunde com a própria história do Brasil.

E de fato, transcorridos sessenta anos desde a sua criação, em 20 de junho de 1952, fica evidente que a história do desenvolvimento do Brasil é entrelaçada com a história do BNDES.

Foi a partir da atuação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU), de 1951 a 1953, que resultou a criação, durante o governo Vargas, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE (ainda sem o S), pela Lei 1.628. O primeiro setor alvo de investimento foi o de transportes, quando o BNDE atuou na remodelação das principais linhas de carga e de passageiros no percurso Rio de Janeiro-São Paulo-Belo Horizonte da Estrada de Ferro Central do Brasil. Era objetivo dessa linha de atuação atender ao crescimento da produção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, visando não depender somente de recursos externos para fazer avançar seu projeto de renovação da infraestrutura rodoviária.

Ainda com foco em promover a competição no mercado internacional, investiu-se na ampliação do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Anos depois, em 1957, durante o governo Kubitschek, deu-se a primeira fase da construção da Usina de Três Marias, pertencente à Cemig, além da criação da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), formada por um conjunto de 18 ferrovias regionais.

Já na década de 1960, foi com o apoio do BNDE que foi criada a Centrais Elétricas Brasileiras S.A., em junho de 1962. Dessa forma, seguindo a estratégia do Plano Trienal do governo João Goulart, o Banco passou a se dedicar cada vez mais a outros setores da economia, principalmente à indústria de bens de capital. E é nos anos 1960 que ocorre a criação de sua subsidiária Agência Especial de Financiamento Industrial – FINAME, cuja atuação se voltou primordialmente ao financiamento da aquisição de bens de capital produzidos no Brasil com requisitos mínimos de agregação de valor local. Nesse período, é significativo o apoio à Usiminas, em Minas Gerais, à Cosipa, em São Paulo, e à Companhia Ferro e Aço de Vitória, no Espírito Santo. No mesmo ano, em 1964, também é criado o Fundo de Desenvolvimento Técnico e Científico (Funtec), cujos objetivos eram financiar a fundo perdido certos cursos de pós-graduação raros no Brasil e investir na formação de técnicos e engenheiros operacionais.

A partir de 1967, o BNDE passou a apoiar o investimento no setor de fabricação de papel e celulose, no qual estavam a Pan-Americana Têxtil, a Papel Simão e a Companhia Suzano de Papel e Celulose, quando vale ressaltar o desenvolvimento, no país, de tecnologia para celulose de eucalipto de fibras curtas.

Nos anos 1970, o Banco passou a dar maior apoio às empresas privadas, em especial aos projetos ligados ao II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND). Para isso, o BNDE apoiou a constituição da Siderurgia Brasileira S.A. (Siderbrás) e o início da construção da Usina de Tucuruí no Pará, visando atender à demanda de energia elétrica na Região Norte. Outro destaque é o financiamento concedido ao Metrô de São Paulo, inaugurado em 1974.

O início dos anos 1980, além de projetos na área de energia, como a Hidroelétrica Itaipu Binacional, inaugurada em novembro de 1982, foi criado o “S” da área social do Banco. A inclusão dessa letra ao nome refletiu a integração das preocupações sociais à política de desenvolvimento. Nesse contexto, desenvolveu-se inicialmente o apoio ao saneamento, aos pequenos produtores rurais e à urbanização em comunidades de baixa renda.

É também nessa década, em 1985, que a subsidiária BNDES Participações – BNDESPAR fez sua primeira oferta pública de ações (Petrobras), considerada um marco na atuação do Banco em prol do desenvolvimento dos mercados de capitais.

Na década seguinte, o Governo Federal designou o BNDES como o responsável pelo Programa Nacional de Desestatização (PND), marcando os anos 1990 como um período voltado à gestão do processo de privatização, e, no ano de 1991, ocorre a primeira grande privatização do período, com a venda do controle da siderúrgica Usiminas.

Além disso, o período também ficou marcado por financiamentos a projetos de infraestrutura do setor privado, pela modernização dos setores produtivos, pelo início ao apoio às micro, pequenas e médias empresas e a ações voltadas ao fortalecimento do mercado de capitais.

Os financiamentos às exportações de aeronaves, ônibus e máquinas agrícolas também figuram como prioridade, com destaque para o financiamento pioneiro para aquisição externa de aeronaves ERJ-145, fabricadas pela Embraer, em 1997.

Outro ponto relevante da atuação do BNDES nos anos 1990 foi a preocupação ambiental. Já no campo da cultura, o BNDES passou a apoiar o cinema nacional e projetos para a restauração de edificações tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em especial aquelas com elevado potencial de dinamização econômica de seus entornos.

A partir de 2003, durante o mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi redefinida a estratégia da instituição. Desse modo, o BNDES ampliou seus desembolsos tornando-se cada vez mais um instrumento fundamental para garantir que os investimentos se expandissem em um ritmo superior ao da economia. Assim, a instituição se firma como o principal agente financeiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O BNDES tem participado ativamente da retomada do planejamento e da atuação do Estado na promoção do desenvolvimento produtivo, das inovações e do comércio exterior.

Na última década, também foram intensificados seus desembolsos a micro, pequenas e médias empresas (MPME), cuja ação mais importante foi a criação do Cartão BNDES, o que possibilitou um aumento expressivo da participação das MPMEs em seus desembolsos totais, saltando de 22,9%, em 2001, para 31,8%, em 2010. Também foi destaque sua atuação na área ambiental – aperfeiçoou a análise do cumprimento de critérios ambientais e sociais pelos projetos apresentados e passou a ser gestor do Fundo Amazônia –, na promoção dos mercados de capitais e na internacionalização de empresas brasileiras.

Hoje, o BNDES alcança destacada posição entre os maiores bancos de desenvolvimento do mundo, seus ativos ultrapassam R$ 700 bilhões e seu patrimônio líquido é da ordem de R$ 52.169 milhões. É uma instituição dinâmica e atenta às demandas da sociedade, que, ao completar sessenta anos, busca entender seus novos desafios com um olhar para o futuro.