Os desafios regionais, socioambientais e da inovação são transversais a todas as operações e atividades do BNDES. O Banco prioriza o fomento tanto a investimentos com foco em cada uma dessas dimensões como às possibilidades de integração entre elas e com as diferentes formas de atuação do BNDES. Por isso, além dos destaques ora apresentados, esses temas também permeiam as demais entregas deste relatório.
O BNDES vem ampliando e diversificando, ano a ano, sua carteira de projetos de inovação, que chegou à ordem de R$ 20 bilhões em operações com diferentes instrumentos de apoio financeiro. Para orientar suas ações, o Banco usa como referência o Plano Brasil Maior e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A partir dessas diretrizes, busca atuar de forma complementar às demais instituições do Sistema Nacional de Inovação, em todos os setores da economia, inclusive naqueles mais tradicionais, considerados de baixa tecnologia.
O entendimento é que a inovação é fundamental para melhorar o posicionamento competitivo das empresas brasileiras e, por isso, seu apoio deve ser prioridade estratégica da instituição. A inovação contribui para a criação de empregos qualificados e para o aumento da eficiência produtiva, gerando valor econômico e social para o país. Desse modo, o BNDES fomenta e apoia a formação de capacitações e a construção de ambientes inovadores, bem como o desenvolvimento de novos produtos e novos processos.
Entre os produtos do Banco para apoio à inovação, a Linha BNDES Inovação é o principal instrumento. Essa linha de financiamento de baixo custo financeiro visa apoiar o aumento da competitividade das empresas por meio de investimentos em inovação aplicada em sua estratégia de negócios. Esses investimentos podem contemplar inovações em produtos, processos, marketing, além do aprimoramento das competências e do conhecimento técnico na empresa.
O fortalecimento da dimensão territorial como elemento de planejamento e operação do BNDES é um desafio contínuo que tem sido enfrentado pelo Banco em sua missão de “promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e regionais”, em especial pela extensão e a diversidade econômica, sociocultural e ambiental do Brasil. Em 2014, diversas iniciativas institucionais foram conduzidas nessa direção, na busca por incorporar essa diversidade, além das escalas territoriais, às ações do BNDES.
O Banco mantém operações em todos os estados brasileiros e com diversos municípios e adota diferentes escalas para o trato do desenvolvimento regional. Programas específicos contribuem para o aperfeiçoamento da infraestrutura local e para o desenvolvimento regional com melhoria da qualidade de vida da população e da implantação de infraestrutura de suporte de atividades econômicas.
Outra escala de atuação local e regional é a do entorno dos projetos que conta com diferentes instrumentos de apoio e integra a abordagem de desenvolvimento territorial sustentável em função do financiamento de atividades econômicas (gráfico Linha ISE abaixo).
Instituindo uma nova escala de atuação, foi aprovada a criação do Departamento Regional do Norte, a ser implantado em Belém (PA) para a maior aproximação do Banco com a Região Amazônica, confirmando seu papel como promotor do desenvolvimento econômico, social e ambiental, em escala regional. A base para a criação dessa representação regional, que terá como principal objetivo a dinamização econômica endógena da Região Norte e da Amazônia Legal, foi a inclusão do recorte territorial como unidade de planejamento e ação, combinado com outros recortes setoriais e temáticos tradicionalmente utilizados pelo BNDES.
Entre os instrumentos de atuação do BNDES no entorno de grandes empreendimentos, destaca-se, em 2014, a elaboração da Agenda de Desenvolvimento Territorial do Xingu (ADT Xingu), realizada no contexto de implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (abaixo). Esse foi um importante passo na busca pelo fortalecimento do olhar territorial em projetos de grande envergadura. Essa agenda é uma das aplicações práticas da Política de Atuação em Entornos de Grandes Projetos, na qual a atuação do BNDES se dá sempre em articulação com os parceiros estratégicos – empresas, poder público, entidades e sociedade civil, a fim de aproveitar oportunidades e minimizar impactos negativos nas áreas de influência dos projetos.
Para avançar na incorporação do olhar territorial em suas diferentes escalas e nos níveis tático, operacional e estratégico, o BNDES estabeleceu, como um projeto prioritário para 2015, a consolidação de sua Política de Desenvolvimento Regional e Territorial.
Como benefício desse projeto, espera-se reforçar e ampliar a capacidade do BNDES para identificar oportunidades de investimentos nos territórios priorizados, por meio de uma atuação coordenada, tanto internamente quanto em conjunto com outros agentes públicos e privados.
Ainda sobre a questão regional e territorial, vale registrar o lançamento dos livros da coleção Um Olhar Territorial para o Desenvolvimento, com volumes dedicados a cada uma das cinco macrorregiões do país. Mais informações na seção Geração de conhecimento.
As questões sociais e ambientais sempre estiveram presentes na atuação do BNDES, que orienta suas ações com base em políticas públicas e atualiza suas frentes de trabalho conforme a evolução de conceitos, de práticas e dos desafios para o desenvolvimento, nos contextos nacional e internacional.
O BNDES financia projetos com objetivos predominantemente sociais ou ambientais e também conta com produtos e instrumentos de 5 apoio a outros setores, com condições financeiras que podem ser diferenciadas em função de padrões de sustentabilidade.
Visando aprimorar sua atuação, o Banco acompanha os indicadores de apoio ao desenvolvimento social e à economia verde, formulados para aferir os esforços em sua atuação socioambiental. Eles também permitem a comparação com outras instituições financiadoras de desenvolvimento nacionais e internacionais e demonstram a ampliação da atuação socioambiental da instituição (gráficos abaixo).
Entre os focos ambiental e social específicos, destaca-se a ampliação consistente do apoio a 4 iniciativas voltadas à preservação de importantes regiões naturais do planeta e ao aumento da eficiência energética no país, por meio do Fundo Amazônia, do Fundo Social Iniciativa BNDES Mata Atlântica e do Fundo Clima.
O Banco também aborda as dimensões social e ambiental na concessão de apoio financeiro a projetos de diferentes setores. No processo de avaliação, na forma direta e indireta não automática, o Banco observa a conformidade socioambiental, com estrito rigor ao cumprimento da legislação brasileira e do licenciamento ambiental por parte das empresas; avalia o risco ambiental do projeto; e induz o aprimoramento dos investimentos e da gestão das empresas na dimensão socioambiental.
Essa abordagem visa não só aumentar a competitividade dos negócios, mas também reforçar os potenciais impactos sociais e ambientais positivos do projeto, com inclusão social e respeito e valorização dos ativos ambientais.
Em 2014, 620 pedidos enquadrados foram passíveis de classificação ambiental. Os gráficos abaixo mostram o perfil de risco ambiental da carteira de enquadramento.
O BNDES apura o volume de interações com clientes em relação a riscos e oportunidades ambientais e sociais. Para essa análise, adota como critério o conjunto de operações diretas em que a interlocução sobre os aspectos socioambientais do projeto ocorre com mais intensidade – operações classificadas com maior potencial de risco ambiental, ou seja, categoria A, ou operações diretas em que houve fomento à Linha de Investimentos Sociais de Empresas (ISE). Considerando esse critério, a interlocução em relação a riscos e oportunidades ambientais e sociais, em 2014, ocorreu com 106 empresas.
Vale sublinhar a importância da Linha de Investimentos Sociais de Empresas, ferramenta que, com condições financeiras diferenciadas, estimula as companhias a adotarem práticas socialmente responsáveis, que incluem investimentos adicionais e não obrigatórios por força da lei, tais como: formação de mão de obra especializada nas comunidades locais, investimentos na infraestrutura local e em educação e saúde, bem como estímulo a novas atividades econômicas (gráfico abaixo).
O BNDES também produz e divulga conhecimento socioambiental específico. Em 2014, foram publicados três guias socioambientais para os setores sucroenergético, pecuária de corte e água e esgoto. Esses guias têm por objetivo orientar a análise de projetos na dimensão socioambiental. Nesse sentido, sistematizam o conhecimento disponível na instituição acerca dos aspectos e impactos socioambientais do setor e das melhores práticas disponíveis para elevação de seu patamar de sustentabilidade.
É importante destacar ainda que, nesse ano de 2014, foi concluído o Projeto Corporativo Gestão da Sustentabilidade. Sua entrega principal foi a constituição do Comitê de Sustentabilidade Socioambiental (CSS), que promoverá a integração das dimensões social e ambiental às políticas, processos, práticas e procedimentos do Banco, em linha com a sua Política de Responsabilidade Social e Ambiental e a Resolução CMN 4.327/2014, que dispõe sobre a responsabilidade social e ambiental de instituições financeiras. Mais informações abaixo e na seção Práticas de gestão.
Ano | Finep | Total |
---|---|---|
2010 | 0 | 1,4 |
2011 | 1,0 | 2,7 |
2012 | 1,1 | 3,3 |
2013 | 1,9 | 5,2 |
2014 | 2,0 | 5,9 |
*Os desembolsos realizados por meio da Finep Inovação e Pesquisa são parte do valor total do BNDES.
Ano | Norte | Nordeste | Sudeste | Sul | Centro-Oeste |
---|---|---|---|---|---|
2010 | 11,7 | 17,2 | 98,0 | 30,1 | 11,4 |
2011 | 10,9 | 18,8 | 68,2 | 29,7 | 11,3 |
2012 | 13,3 | 21,0 | 72,4 | 29,1 | 20,1 |
2013 | 13,8 | 25,7 | 87,0 | 43,1 | 20,9 |
2014 | 14,0 | 24,4 | 89,4 | 38,4 | 21,6 |
2010 | 18,0 |
2011 | 18,5 |
2012 | 20,8 |
2013 | 24,7 |
2014 | 28,3 |
2010 | 11,1 |
2011 | 8,9 |
2012 | 18,2 |
2013 | 21,9 |
2014 | 25,9 |
A | 58% |
B | 28% |
C | 14% |
A | 14% |
B | 50% |
C | 36% |
Ano | Desembolsos em milhões de reais | Número de operações |
---|---|---|
2010 | 63,8 | 39 |
2011 | 104,2 | 55 |
2012 | 185,2 | 88 |
2013 | 154,1 | 104 |
2014 | 232,6 | 146 |
O programa completou seu primeiro ano de vigência com aprovações da ordem de R$ 144 milhões. Ele foi criado com a premissa de que o eixo inovação-design-moda-marketing ocupa posição relevante na estratégia competitiva de determinados segmentos industriais, ao lado da logística e do controle dos canais de venda.
O sucesso do programa resultou no recebimento dos seguintes prêmios: 4º Brasil Design Award, categoria Instituição de Apoio ao Design, oferecido pela Associação Brasileira de Empresas de Design e pelo Centro Brasil de Design; e Medalha do Mérito ABIT 2014, categoria Instituições Públicas, concedida pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT).
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) recebeu aporte de R$ 300 milhões da BNDESPAR para apoio a pesquisa e desenvolvimento e a comercialização de novas variedades de cana-de-açúcar. Em outra operação com a empresa, no valor de R$ 71 milhões, o Banco está financiando projeto de construção de uma planta de demonstração de etanol de segunda geração (2G), produzido a partir do bagaço e da palha da cana, resíduos da produção do etanol convencional.
A Abengoa Bioenergia também recebeu apoio do Banco para projeto de etanol de segunda geração. A empresa vai construir a terceira planta industrial de produção de etanol 2G do Brasil – que será também a terceira a receber recursos do BNDES. O projeto, desenvolvido no município de Pirassununga (SP), ampliará a capacidade de produção de etanol da Usina São Luís em 64 milhões de litros. O valor do financiamento é de R$ 310 milhões.
O apoio às duas empresas ocorre no âmbito do Plano Conjunto BNDES-Finep de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS), iniciativa que tem por finalidade fomentar o desenvolvimento e a produção pioneira de tecnologias industriais para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. No âmbito do PAISS, 35 planos de negócios foram selecionados, os quais geraram cerca de R$ 1,6 bilhão em operações contratadas pelo BNDES.
Esse programa foi lançado com o objetivo de aumentar a competitividade das micro, pequenas e médias empresas (MPME) brasileiras, financiando os investimentos necessários à introdução de inovações no mercado. Parte dos recursos do BNDES MPME Inovadora também poderá ser direcionada para capital de giro puro, necessário ao fortalecimento financeiro das empresas inovadoras.
Para pleitear os empréstimos, as companhias devem atender a um dos requisitos listados no regulamento do programa, que funcionam como um qualificador de seu caráter inovador. Ela precisa, por exemplo, ter realizado investimentos em serviços tecnológicos por meio do Cartão BNDES ou estar localizada em parques tecnológicos e/ou incubadoras.
O objetivo básico da Agenda de Desenvolvimento Territorial do Xingu foi o de auxiliar na promoção das oportunidades de desenvolvimento econômico, social, ambiental e institucional na região do Xingu, mediante a proposta coordenada de ações e investimentos de diversas naturezas, priorizados com base no planejamento e na pactuação territorial, assim como na atuação integrada dos agentes locais e regionais. O trabalho foi desenvolvido em razão da implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e teve como referência o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX).
A ADT do Xingu começou a ser elaborada em setembro de 2013, com recursos do BNDES Fundo de Estruturação de Projetos (BNDES FEP). A agenda foi construída com a participação de representantes dos governos federal, estadual e municipal, de organizações não governamentais, da sociedade civil e de instituições de ensino e pesquisa, tendo o Consórcio Viva Xingu como responsável pela condução do processo.
Desse trabalho conjunto, concluído em dezembro de 2014, foram gerados quatro relatórios principais, quais sejam:
O plano de investimento da Essencis Soluções Ambientais, apoiado pelo Banco, incluiu a Central de Tratamento de Resíduos e Valorização Ambiental de Caieiras (SP), o maior empreendimento dessa natureza na América Latina, com uma área de 3,5 milhões de m2, sendo 43% cobertos com vegetação nativa. O complexo oferece soluções para tratamento de resíduos perigosos e não perigosos, como aterros sanitários, laboratórios, manufatura reversa, recuperação de metais e outras.
Em 2014, outro destaque de projeto de resíduos sólidos foi o financiamento à implantação de aterro na cidade de Rosário, na região metropolitana de São Luiz (MA). Além disso, com o Plano Inova Sustentabilidade, iniciativa conjunta do BNDES e da Finep, foram aprovados planos de negócios relacionados a tratamento de resíduos, trazendo diversas tecnologias inovadoras para aproveitamento energético desses materiais, como do lodo de estações de tratamento de esgoto para a produção de biogás.
Foram aprovados no ano 34 projetos sociais, o que equivale a R$ 98 milhões, para ações nos entornos de projetos de infraestrutura. Entre eles, destacase a ação coordenada de elaboração e implantação de projetos sociais de cinco grupos controladores de usinas eólicas no Rio Grande do Norte. A iniciativa prevê a utilização da Linha de Investimentos Sociais de Empresas em investimentos nos entornos das usinas nos municípios de João Câmara e Parazinho. Nas duas cidades, distantes 40 km entre si, aproximadamente 60% da população é considerada pobre. Ressalte-se que a iniciativa otimiza a aplicação de recursos, pois evita a sobreposição de projetos semelhantes das empresas.
A implantação de uma unidade de produção de 1,5 milhão de toneladas/ano de celulose, em Ortigueira (PR), com início de produção previsto para o primeiro trimestre de 2016, terá investimento total de R$ 7,7 bilhões e apoio do BNDES de R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 21 milhões para investimentos sociais. Com esse projeto, a Klabin pretende diferenciar-se dos concorrentes por oferecer, além da celulose brasileira, de qualidade mundialmente reconhecida, um amplo portfólio de produtos de papéis. O projeto apresenta expectativa de conteúdo local acima da média dos últimos projetos do setor, além de vantagem competitiva em relação à logística. A nova fábrica será autossuficiente em energia e ainda gerará energia excedente a ser vendida ao mercado.
Os projetos Salobo e S11D da Vale contam com o apoio do BNDES para realização de mais de R$ 35 milhões em investimentos sociais para desenvolvimento e elevação da qualidade de vida de comunidades no Pará, tais como treinamento e capacitação de mão de obra e fornecedores locais, e construção, reforma e ampliação de escolas, centros comunitários e unidades de saúde. O Salobo é um projeto de exploração e beneficiamento de cobre e o S11D, que teve apoio de R$ 6,2 bilhões do Banco contratado em 2014, visa à expansão das atividades no complexo minerário de Carajás por meio de investimentos em logística e da instalação de nova mina e nova usina. Outro importante destaque desse último projeto é a responsabilidade ambiental: inovações (longas correias transportadoras e beneficiamento a seco) permitiram evitar a supressão de grandes áreas de vegetação e a utilização de barragens de rejeitos, em geral presentes em operações tradicionais de mineração.
Uma iniciativa de responsabilidade social da Libbs Farmacêutica está promovendo a informatização do sistema público de atenção básica à saúde do município de Embu das Artes (SP), com a implementação da plataforma e-SUS e de sistemas de avaliação de risco e triagem. O objetivo é reduzir o tempo de espera dos usuários e otimizar o atendimento nas unidades públicas de saúde. O projeto conta com financiamento de R$ 2,6 milhões.