O ano de 2015 foi marcado pelo recrudescimento do cenário macroeconômico registrado no ano anterior e pela permanência do fraco ritmo de crescimento das principais economias do mundo, o que resultou na manutenção do cenário de desaquecimento do comércio internacional. A deterioração dos indicadores chineses de atividade impactou negativamente os preços das commodities, e a expectativa de elevação da taxa de juros básica dos Estados Unidos da América (EUA) ampliou a volatilidade nos mercados emergentes, como o brasileiro.
Internamente, a crise foi intensificada pelos impactos da queda dos preços das commodities e pelo corte de gastos públicos em uma economia já estagnada. A fraca atividade econômica de 2014 agravou-se em 2015 e os níveis de confiança do empresário e do consumidor mantiveram-se em baixas históricas. Além disso, o ajuste de preços relativos pressionou a inflação (alta inflação de preços administrados e depreciação da taxa de câmbio R$/US$).
Todos esses fatores culminaram na perda do grau de investimento do Brasil, em dezembro de 2015, pelas agências de rating Standard&Poors e Fitch Ratings. Assim, a lucratividade das companhias continuou em níveis abaixo da média histórica e o risco, presente no investimento em ações, elevou-se em razão da incerteza do cenário macroeconômico.
No entanto, diante dos desafios relacionados às mudanças climáticas, o ano de 2015 marcou também o início da busca por um novo ordenamento de crescimento tanto no Brasil como no mundo. As nações pactuaram novos compromissos, como a adoção da agenda formada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que devem ser implementados até 2030, e firmaram planos de transição para uma economia de baixo carbono, como o Acordo de Paris, realizado na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21).
O BNDES em 2015
As dificuldades econômicas e políticas enfrentadas pelo Brasil influenciaram nossa atuação, encarecendo as linhas de financiamento e resultando em redução dos recursos desembolsados. O ano também foi marcado por um crescente questionamento da sociedade e dos órgãos de controle sobre nossa atuação, que culminou na instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela Câmara dos Deputados. Esse processo acabou se revelando uma oportunidade para mostrarmos que atuamos com impessoalidade e rigor técnico.
Atentos às demandas da sociedade e dos órgãos de controle, temos intensificado nossos esforços de prestação de contas e transparência . Em junho de 2015, por exemplo, renovamos nosso portal de transparência na internet. O acesso foi facilitado e a divulgação das operações – que desde 2008 já contava com objetivos, tomadores e valores contratados – foi ampliada com a inclusão das principais condições financeiras (prazos, taxas e garantias).
Em 2015, buscamos também internalizar os altos padrões internacionais em assuntos de sustentabilidade e meio ambiente, tanto na análise de projetos de investimentos quanto nas práticas a serem implantadas pelas empresas no Brasil. Para tal, procuramos nos capacitar segundo o padrão das melhores instituições financeiras afins e assim aprimorar nossa metodologia de análise sistêmica de projetos, envolvendo também as etapas de acompanhamento e de efetividade dos projetos.
Por fim, mantivemos nosso foco na expansão dos investimentos em infraestrutura com o objetivo de impulsionar a retomada do crescimento da economia brasileira. Nesse sentido, destaca-se o apoio a investimentos nos setores de energia e logística, que abrangem projetos intensivos em capital.