BNDES aprova financiamento de US$ 200 milhões para brasileiros construírem gasoduto na Argentina
A diretoria do BNDES aprovou ontem, dia 23, financiamento no valor de até US$ 200 milhões para exportações de bens e serviços brasileiros para a Argentina, destinados ao projeto de expansão da capacidade de transporte de gás natural da Transportadora de Gás Del Sur (TGS), empresa controlada pela Compañía de Inversiones de Energía S. A . (Ciesa), que por sua vez tem participação acionária da Petrobras Energía S. A . (PESA), subsidiária da Petrobras na Argentina.
Trata-se da retomada, depois de cinco anos, da utilização do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) para curso das operações de financiamento do BNDES a exportações de bens e serviços brasileiros à Argentina. O CCR é um instrumento que permite a compensação de pagamentos decorrentes de exportações e importações entre países da região, representando importante mecanismo para o incremento do comércio e para a implementação de projetos de infra-estrutura. A integração sul-americana é prioridade da política externa do governo brasileiro, tendo o BNDES como importante instrumento. A ampliação da capacidade de transporte do TGS garantirá maior oferta de gás natural e eletricidade à região da Grande Buenos Aires , que concentra mais de 50% da população da Argentina, país que, desde 2004, enfrenta crise energética.
O financiamento do BNDES será dividido em duas operações, sendo US$ 170 milhões para exportações de bens e serviços de engenharia e construção pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO) e US$ 30 milhões referentes a bens (tubos) produzidos pela Confab. O fornecimento de mercadorias brasileiras pela CNO contemplará máquinas e equipamentos, tubos e outros materiais, inclusive chapas de aço produzidas no Brasil pelas siderúrgicas Usiminas e Cosipa.
O apoio creditício do BNDES às exportações de bens e serviços brasileiros ao projeto da TGS será efetuado no âmbito do Programa Pós-Embarque (linha destinada à comercialização de bens e serviços), na modalidade de supplier credit (refinanciamento ao exportador, que recebe em reais, no Brasil). O importador dos bens e serviços brasileiros é o Fideicomiso de Gás Del Sur, administrado por Nación Fideicomisos S/A, subsidiária integral do Banco de La Nación Argentina (BNA).
Com essa operação, o BNDES apóia o fortalecimento das cadeias produtivas e o processo de internacionalização das empresas brasileiras, com impactos diretos e positivos sobre a balança de comércio de mercadorias e de serviços do Brasil. Na modalidade de supplier credit, o BNDES paga ao exportador brasileiro, em reais no Brasil, o valor equivalente às exportações realizadas à medida do cumprimento do cronograma de realização das obras. O importador argentino, por sua vez, paga o financiamento ao BNDES em moeda forte, garantindo , assim, o ingresso de divisas no Brasil.
O projeto de expansão do TGS permitirá ampliar em até 2,9 milhões de metros cúbicos por dia a capacidade de transporte dos gasodutos General San Martín e Neuba II. As obras serão efetuadas em trechos dos gasodutos entre Tierra Del Fuego (região da Patagônia) e Bahía Blanca e entre Bahía Blanca e Buenos Aires, com a construção e montagem de dutos em extensão total de 508,85 quilômetros. O projeto deverá ser concluído em agosto de 2005, contribuindo para o aumento da disponibilidade de energia do país vizinho, importante parceiro do Brasil no Mercosul.
A TGS transporta cerca de 60% do gás consumido na Argentina, abastecendo diretamente distribuidoras, geradoras elétricas e indústrias, através de um sistema de gasodutos de 7.419 quilômetros de extensão, que conecta as reservas de gás do sul e oeste do país com os seus principais centros de consumo . Sua capacidade de transporte é de 62,5 milhões de metros cúbicos por dia, com potência instalada de 538.220 HP.
A concretização do financiamento do BNDES às exportações brasileiras de bens e serviços destinados ao projeto de expansão da TGS tornou-se possível com a viabilização pelo governo argentino da retomada das operações cursadas no CCR. Essa iniciativa representará a reabertura do instrumento do CCR como mecanismo impulsionador do financiamento do comércio e integração entre os países da região.
Além dos tubos da Confab e das chapas de aço da Usiminas e da Cosipa, o projeto de expansão dos gasodutos General San Martín e Neuba II envolverá exportações de bens de várias outras companhias brasileiras.
De acordo com informações prestadas pela CNO, o fornecimento de bens poderá incluir produtos das seguintes empresas brasileiras:
EMPRESAS | PRODUTOS/SERVIÇOS |
Usiminas / Cosipa | Fornecimento de chapas de aço |
Confab | Fabricação de tubos Ø 30'' e Ø 36'' |
Vanasa / IVC / MNA / Valcont / SCAI | Válvulas |
HCI / SCAI / CONFLANGE / CONFLAN | Acessórios |
Nivetec / Conaut / Yokogawa / Metroval / Ultraflux | Equipamentos de medição e telemetria |
Conaut / Smar / Emerson | Sistemas de telemetria |
Techint S.A. | Projeto |
Ingersoll / Sulzer | Bomba a gás |
Scania / Munck | Caminhões Munck |
Stemac | Grupo Gerador |
Bambozzi | Máquina de solda |
Volvo / Scania | Cavalo mecânico |