BNDES e Fundação Butantan assinam contrato de R$ 97 milhões para fábrica de vacina contra dengue
Participaram da cerimônia, em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, e a diretora da Área de Indústria e Serviços do BNDES, Cláudia Prates.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Butantan assinaram nesta terça-feira, 3, contrato de R$ 97,2 milhões para custeio de ensaios clínicos e construção de uma planta de escalonamento que fornecerá vacina tetravalente contra a dengue.
Os recursos da operação são não reembolsáveis, provenientes do Fundo Tecnológico do BNDES (BNDES Funtec), e correspondem a 31% do investimento total, de R$ 305,5 milhões. Composto de partes do lucro do Banco, o BNDES Funtec apoia projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação.
Durante a assinatura, Cláudia Prates enfatizou que “este é o maior estudo clínico já desenvolvido no País, com 17 mil pessoas envolvidas em 14 centros, nas cinco regiões”. O governador Geraldo Alckmin destacou que os recursos permitirão “terminar a fábrica, que está quase pronta, equipá-la e capacitar os recursos humanos para a produção da vacina”.
O contrato assinado nesta terça dá continuidade ao apoio do BNDES, em conjunto com o Ministério da Saúde, para o desenvolvimento da vacina de dengue pelo Instituto Butantan, iniciativa importante para a saúde pública não apenas do Brasil, como de vários outros países em que a doença é endêmica.
Considerando a faixa etária de indicação da vacina, o público beneficiado será de cerca de 180 milhões de pessoas no Brasil, quase a totalidade da população. Apesar de ser esperado que a disponibilização da vacina se dê em âmbito nacional, seu impacto será mais fortemente sentido nas regiões endêmicas — em geral, as mais carentes do país, com saneamento básico precário e alta densidade populacional.
Parceria – Os processos de pesquisa e desenvolvimento, registro e produção de vacinas têm elevado custo e complexidade, com tempo médio de 12 anos e custo total que pode atingir US$ 1 bilhão. O ensaio clínico desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o Instituto Adolfo Lutz e 14 centros de pesquisa coordenados pela USP tem transcorrido de forma satisfatória, com resultados preliminares que demonstram segurança e eficácia da vacina.
A doença – Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma doença infecciosa viral que se espalha rapidamente pelo mundo, sendo endêmica em mais de 100 países na África, nas Américas, no Mediterrâneo Oriental, no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental.
A incidência global da doença aumentou 30 vezes nos últimos 30 anos, com ampliação e expansão geográfica para novos países. Os motivos para a disseminação não são claros, mas parecem relacionados à propagação do vetor (mosquito) em regiões de clima quente e chuvoso, com infraestrutura precária de saneamento básico. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se cerca de 390 milhões de casos de dengue no mundo.
No Brasil, o maior surto ocorreu em 2013, com cerca de 2 milhões de notificações. Esse ano, até setembro, foi registrado mais de 1,4 milhão de casos prováveis, com 563 mortes confirmadas.
A Fundação – A Fundação Butantan é uma entidade sem fins lucrativos, com autonomia financeira, administrativa e patrimonial, sediada em São Paulo, que atua como o braço financeiro e administrativo do Instituto Butantan. A Fundação é beneficiária de três operações do BNDES Funtec para projetos relativos ao desenvolvimento de vacinas (dengue, rotavírus, leishmaniose canina e outras) e de um medicamento para tratamento de câncer.
Prioridade – o apoio ao projeto é parte do esforço do BNDES em direcionar recursos relevantes para o enfrentamento das principais epidemias brasileiras. Em novembro, o Banco já havia aprovado R$ 23 milhões para a Fiocruz, destinados ao desenvolvimento de kits de diagnóstico para zika, dengue e chikungunya e ações de combate ao Aedes aegypti.