Entrevista: Isaquias Queiroz conquista marcas históricas na canoagem nacional
Entrevista realizada em 04.04.2014
Aos 20 anos, Isaquias Queiroz já coleciona vários títulos até então inéditos na canoagem brasileira. O garoto de Ubaitaba, no Sul da Bahia, foi o primeiro atleta júnior do Brasil a participar das Olimpíadas da Juventude. No Mundial Júnior de 2011, foi o primeiro canoísta brasileiro a conseguir uma medalha de ouro, no C1 200 metros, uma prova olímpica. Na mesma competição, ele ficou em quarto nos 1.000 metros e faturou a prata nos 500 metros.
Em 2013, obteve de novo medalhas de ouro e de prata, desta vez na Copa do Mundo. “No Mundial da Alemanha, em agosto, tornei-me o primeiro brasileiro a subir ao pódio na C1 1000 metros, prova para a qual estou me preparando visando à Olimpíada de 2016, faturando a medalha de bronze, e conquistei o ouro na C1 500 metros, que não é prova olímpica, mas significa muito”, comemora.
O começo, lembra, foi difícil. Em 2005, Isaquias ingressou no projeto Segundo Tempo, na Bahia, que promovia a iniciação de jovens em diversas modalidades, entre elas canoagem, futebol, futsal e atletismo. “No começo, dei meu nome para participar do futebol, só que depois pedi para trocar. Um mês depois, comecei na canoagem”, contou.
As dificuldades iniciais passavam pela qualidade dos materiais usados na prática do esporte, incluindo as próprias embarcações, “que não eram dos melhores”. Mais tarde, o governo da Bahia e o Ministério do Esporte vieram a adquirir novos caiaques e canoas.
“No começo era só diversão”, admitiu. “Depois, quando comecei a focar na canoagem como atleta profissional é que senti as maiores dificuldades. Quando chega aos 15 anos, o atleta tem de buscar dinheiro para se manter no esporte. É preciso conquistar medalhas para se inscrever no Bolsa Atleta. Aí cheguei à seleção, o que melhorou minha situação”.
Quando Isaquias chegou à seleção, que treinava em São Vicente, na Baixada Santista, a modalidade ainda não tinha ainda o apoio do BNDES. Não havia alojamento e o canoísta não recebia salário nem da CBCa nem do Ministério do Esporte.
“Aí fui morar no Rio. O Flamengo ajudou na estrutura, o barco era melhor. Comecei a receber o dinheiro do Bolsa Atleta – é uma renda que ajuda bastante. Depois vieram o BNDES e a CBCa, que ajudaram muito, comprando materiais de primeira linha, embarcações, remos e joelheiras”, disse.