Animação: técnicas e processo | Infográfico
Peixonauta. Foto: TV PinGuim.
Técnicas de animação
O desenho animado surgiu no início do século XX, derivado de uma sequência de quadros feitos à mão. Na animação manual a ilustração é feita com lápis e papel e cada pose da personagem é desenhada separadamente para a criação de uma sequência lógica que dá a impressão de movimento. Atualmente, com o avanço da computação, raras são as animações manuais feitas para comercialização no cinema ou na TV. Surgida na década de 1970, a computação gráfica possibilitou auxiliar o processo produtivo de animação, aumentando a produtividade, dado que não é mais necessário contornar e pintar repetidamente todo quadro à mão, o que reduz o tempo de renderização [Yoon (2008)].
A produtividade de uma animação 2D manual aumentou seis vezes em relação a uma realizada com auxílio computacional [Digital Vector (2014)].
O auxílio computacional no processo de animação resulta em um desenho animado digital visto também, na maioria das vezes, na dimensão 2D, cuja qualidade depende muito do número de quadros de cada “tomada”, que segmenta a obra audiovisual em animação completa ou limitada. A animação digital 2D completa requer o registro de, no mínimo, 18 quadros por segundo, ofertando um desenho detalhado e um movimento regular. A animação limitada usa um número menor de quadros por segundo, o que resulta em um desenho menos detalhado. O uso de um número menor de quadros que conectam os desenhos para criar as imagens reduz custos de produção, mas sacrifica a descrição realista dos movimentos e imagens. Consequentemente, a animação digital 2D completa tende a ser usada quando se busca qualidade, como no caso de longas-metragens para cinema, o que aumenta o orçamento dos projetos, enquanto a animação 2D limitada tende a ser usada em projetos focados em orçamentos menores, como no caso de séries de animação para a TV e direct-to-video. Em 2013, a produção de animação digital 2D limitada para TV foi responsável por 90% do total produzido para as televisões do mundo [Digital Vector (2014)].
Outras técnicas de animação que podem ser realizadas com a ajuda computacional são o stop motion e a cutout. O stop motion é a animação feita com objetos reais, como bonecos de massinha ou qualquer outro objeto registrado quadro a quadro (como o longa 3D estadunidense Coraline). A cutout é a animação feita de recorte de papel, também gravado quadro a quadro (como a série de animação francesa Charlie e Lola). Esses tipos de animação são mais artesanais, sua qualidade artística (e não tecnológica) é privilegiada e carregam elevado índice cultural, ou seja, possui alto valor artístico ou alta representatividade cultural. Como exigem mão de obra especializada e como a peculiaridade do conteúdo dificulta o processo de distribuição e comercialização, as animações artesanais se financiam, muitas vezes, mediante participação governamental.
Imagem 2D x 3D
Na imagem 2D, não há volume e a representação da realidade depende da percepção do animador, dificultando a visualização dos detalhes e impossibilitando o reconhecimento da estrutura real do objeto. Com as imagens 3D, que são compostas em conjunto, é possível a total compreensão tridimensional do objeto. Há presença de volume, e a representação da realidade é mais exata.
O auxílio computacional na animação é, atualmente, a praxe, sobretudo para realizar séries para a TV e obras direct-to-video, mas desde meados dos anos 1990 se tem usado, especialmente para a produção de longas-metragens para o cinema, a técnica na qual a animação é realizada integralmente por meio de computação gráfica e programação computacional, chamada de CGI (computer-generated imagery). Na CGI, todos os objetos, personagens e movimentos baseiam-se em algoritmos e especificações computacionais criados em um espaço virtual. A produção de uma imagem de computação gráfica envolve três passos básicos. No primeiro, o designer gráfico faz um modelo geométrico computacional que envolve descrever todos os elementos (objetos e personagens) de uma cena, alocá-los adequadamente no espaço virtual e definir as variáveis de articulação (avars) que controlam os movimentos dos elementos. O segundo passo envolve definir a aparência de cada elemento: cor, textura, refletividade, transparência, sombreamento etc. O passo final é renderizar a cena, isto é, calcular a aparência de todos os pixels, o que converte a programação computacional feita em imagens.
Renderização é o processo no qual se converte uma série de imagens em um arquivo visual. Ao renderizar, o programa calcula para cada cena a perspectiva do plano – 2D ou 3D –, a textura, a cor e a transparência dos objetos, além das sombras e da luz dos planos trabalhados. Ao longo da história da computação gráfica, o ato de renderizar sempre exigiu grande capacidade computacional. Renderizar requer definições da localização da câmera e da luz, isto é, a cena é marcada por raios de luz imaginários que ligam o olho do espectador ao objeto através de uma janela que representa a “tela”, o que torna essa tarefa extremamente complexa.
Uma animação CGI tem algumas vantagens. Uma delas deriva do fato de a imagem ser resultado de um programa computacional, o que cria um acervo de algoritmos e variáveis de diferentes imagens para serem usados quando necessário, nas próximas animações. Além disso, como as cenas podem ser tratadas a qualquer tempo, o computador permite que o artista faça escolhas de forma mais eficiente. E a possibilidade da separação de tarefas de um processo que não precisa mais ser linear aumenta, teoricamente, a velocidade da produção, pois, por exemplo, diferentes animadores podem trabalhar ao mesmo tempo com a face de um personagem específico enquanto outros trabalham com seu corpo [Digital Vector (2014)]. Teoricamente, pois existe a possibilidade de a não linearidade processual resultar em refinamentos infinitos de imagens.
Ainda, o interessante é que na animação digital tipo CGI os conteúdos produzidos geralmente são vistos na dimensão 3D, que pode também ser ampliada com a técnica da estereoscopia, que consiste em captar a mesma imagem em dois ângulos diferentes alinhados horizontalmente, para aumentar sua profundidade e dar mais realismo ao conteúdo audiovisual. A estereoscopia é usada, sobretudo, para produzir longas-metragens do tipo blockbuster para o cinema.
Na animação digital 3D CGI, a qualidade da obra audiovisual está atrelada sobretudo aos avanços tecnológicos de softwares específicos (como o 3Ds Max, o Maya, o Mental Ray e o Soft Image, vendidos no mercado, ou proprietários, como aqueles da Pixar, passíveis ou não de licenciamento) e ao poder de processamento dos hardwares [Tschang e Goldstein (2004)]. Os estúdios de produção de games também usam a técnica CGI, o que aumenta muito a complementaridade entre essas indústrias.
Renderização é o processo no qual se converte uma série de imagens em um arquivo visual. Ao renderizar, o programa calcula para cada cena a perspectiva do plano – 2D ou 3D –, a textura, a cor e a transparência dos objetos, além das sombras e da luz dos planos trabalhados. Ao longo da história da computação gráfica, o ato de renderizar sempre exigiu grande capacidade computacional. Renderizar requer definições da localização da câmera e da luz, isto é, a cena é marcada por raios de luz imaginários que ligam o olho do espectador ao objeto através de uma janela que representa a “tela”, o que torna essa tarefa extremamente complexa.
Processo de animação
O texto e o infográfico acima foram elaborados com base no artigo A inserção dos países em desenvolvimento no mercado global de animação, publicado na Revista do BNDES 42, de autoria de Marina Moreira da Gama, empregada do BNDES.
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Referências
DIGITAL VECTOR. Global animation industry report, 2014.
TSCHANG, T.; GOLDSTEIN, A. Production and political economy in the animation industry: why insourcing and outsourcing occur. Elsinore, Denmark, 14-16 jun. 2004.
YOON, H. The animation industry: technological changes, production, challenges, and global shifts. Columbus: The Ohio State University, 2008.