BNDES libera R$ 2,9 bilhões para concessionária do metrô de São Paulo
Recursos correspondem ao primeiro desembolso do contrato de financiamento de R$ 6,9 bilhões para a construção da Linha 6 do metrô Serão atendidos cerca de 650 mil passageiros por dia útil Linha contará com 22 trens e facilitará o acesso de moradores de bairros carentes da cidade a empregos, universidades e hospitais
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realizou a primeira liberação, no valor de R$ 2,9 bilhões, para a Concessionária Linha Universidade S.A. (CLU). A parcela faz parte de contrato de financiamento para a fase de construção da Linha 6 do metrô de São Paulo, no valor total de R$ 6,9 bilhões, assinado em dezembro de 2021.
O investimento total previsto no projeto é de R$ 17 bilhões, financiados por um consórcio de 11 bancos, incluído o BNDES, no modelo project finance non recourse, no qual o risco é mitigado com operações de garantia e seguros. No projeto, serão criadas 15 estações e seus acessos em 15,3 km de via, construídos três terminais de ônibus, um pátio de estacionamento de trens e adquiridos 22 novos trens (132 vagões) e sistemas, além de contar investimentos sociais em comunidades do entorno das estações.
As obras devem ser finalizadas em setembro de 2025, quando terá início o período de operação comercial da linha, com duração de 19 anos. O empreendimento é o maior projeto de mobilidade urbana em desenvolvimento na América Latina atualmente, com previsão de atender cerca de 650 mil passageiros por dia útil.
A apelidada Linha Universidade permitirá acesso a uma série de instituições de ensino, em especial universidades, como por exemplo UNIP, FMU, FGV, PUC-SP, Universidade Presbiteriana Mackenzie e FAAP. Além disso, a linha permitirá acessos também a alguns hospitais, como o Hospital Brasilândia e o Hospital Vila Penteado.
A Linha 6 fará integração com a Linha 7 (Rubi) e a Linha 8 (Diamante) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na Estação Água Branca, e com a Linha 1 (Azul) e Linha 4 (Amarela) do metrô nas estações São Joaquim e Higienópolis/Mackenzie, respectivamente. Os três terminais de ônibus a serem implantados no projeto estarão localizados nos bairros de Brasilândia, João Paulo I e Vila Cardoso.
O projeto prevê, ainda, iniciativas de impacto social que serão acompanhadas por consultorias especializadas, e desenvolverá ações como capacitação técnica certificada, com foco em grupos vulneráveis das comunidades próximas; capacitação técnica e contratação de mão de obra feminina no empreendimento; e acordos com empresas “startups” com o objetivo de desenvolver soluções digitais para mobilidade e logística.
A CLU foi constituída pelo grupo espanhol Acciona em parceria com Société Générale e STOA (sociedade da Caisse des Dépôts e AFD), além de contar com a participação estratégica da Transdev, um dos maiores operadores metroferroviários do mundo.
O financiamento foi estruturado na modalidade Project Finance e contou com a assessoria de consultorias nacionais e internacionais, que foram responsáveis por avaliações técnicas a fim de mapear e mitigar os riscos ligados ao projeto.
A estruturação financeira da operação é inovadora quando comparada ao padrão atual de Project Finance no Brasil, uma vez que financiadores e fiadores contam principalmente com garantias de projeto (receitas e direitos da concessão), inclusive na fase de construção, enquanto o padrão nacional é contar com garantias oferecidas pelos acionistas até a finalização dos investimentos e performance financeira do projeto. A redução das exigências de garantias dos acionistas é fator determinante para aumentar o patamar de investimento em infraestrutura, pois amplia a capacidade de participação dos investidores internacionais e nacionais em um número maior de projetos e limita o risco assumido em cada projeto.
A participação de instituições financeiras privadas no projeto é outra característica que merece destaque. Além dos acionistas Société Générale, um dos principais conglomerados financeiros franceses, e da STOA, controlada por bancos também franceses, o projeto conta ainda com instituições financeiras privadas que prestam garantia de até 48% da dívida durante o período de construção e início de operação.