Insumos básicos


Em 2012, o BNDES atuou de forma relevante no apoio ao desenvolvimento do setor de petróleo e gás, que representou desembolsos da ordem de  R$ 8 bilhões. Esse apoio se deu, principalmente, mediante financiamento à modernização do parque de refino nacional, com impactos ambientais positivos, ao promover a redução do teor de enxofre nos combustíveis. A construção de embarcações de apoio offshore em estaleiros nacionais também merece destaque, ao permitir uma grande revitalização da indústria de construção naval. Adicionalmente, o BNDES viabilizou o financiamento a diversas empresas da cadeia produtiva de petróleo e gás por meio do Programa BNDES P&G. A maioria dessas empresas não tinha relacionamento anterior com o Banco, o que demonstrou um aumento nas oportunidades do acesso ao crédito.

O setor de papel e celulose, para o qual foram desembolsados, em 2012, R$ 3,8 bilhões, foi apoiado no financiamento de grandes projetos de celulose, entre os quais se podem citar a Eldorado Celulose e Papel, em Três Lagoas (MT), e a Suzano Papel e Celulose, em Imperatriz (MA). Além disso, foi aprovado o financiamento à expansão da CMPC Celulose Rio-Grandense, em Guaíba (RS). Considerando esses três grandes investimentos industriais, o Brasil vai aumentar sua produção de celulose em 4,3 milhões de toneladas por ano, ou seja, um aumento de cerca de 30% da produção nacional, tornando-se o terceiro maior produtor mundial de celulose, posição hoje ocupada pelo Canadá.

Na indústria química, destaca-se a aprovação da implantação da unidade de fertilizantes nitrogenados da Petrobras, em Três Lagoas (MT), a aprovação do financiamento à expansão da fábrica de fertilizantes da Vale, em Uberaba (MG), a aprovação de um projeto da Solazyme Bunge Produtos Renováveis que fabricará óleos especiais a partir dos açúcares da cana e a implantação de unidades de eteno e polietilenos integrados da Braskem, no México, além da consolidação do Programa Proplástico, voltado ao fortalecimento competitivo da indústria nacional de transformação plástica.

A indústria de base foi apoiada em seus investimentos de expansão da mineração e na implantação de novas unidades de produção de cimentos.

Reforçando seu compromisso no apoio às comunidades impactadas pela implantação dos grandes projetos de investimento, o BNDES desembolsou na Linha ISE[16] no âmbito do segmento de insumos básicos, o montante de R$ 43,9 milhões, mantendo patamar similar ao de 2011 (R$ 45,2 milhões).

No apoio à inovação no segmento de insumos básicos, o BNDES desembolsou R$ 200 milhões para financiar o plano de investimentos do Cenpes-Petrobras e outros R$ 118 milhões foram destinados a projetos de inovação de empresas em especial dos setores químico e de setor de papel e celulose. Ademais, o BNDES trabalhou ativamente no lançamento do Inova Petro (BNDES/Finep/Petrobras), voltado para apoiar projetos inovadores com a cadeia produtiva de petróleo e gás natural.

Projetos de destaque

Em 2012, foi aprovado o apoio aos investimentos na modernização de refinarias da Petrobras, a serem realizados até 2014. Os recursos se destinam à adequação da estrutura de refino existente às demandas da legislação ambiental, particularmente, a redução do teor de enxofre da gasolina e óleo diesel, que passaram a ter especificações mais rígidas, visando ao atendimento dos limites de emissões veiculares exigidos no Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve).

Além disso, a inadequação parcial do parque de refino brasileiro para processar o petróleo de origem nacional e atender à demanda crescente de derivados médios do mercado interno obriga a Petrobras a importar esses derivados médios para atender ao crescimento da demanda. Dessa forma, os investimentos previstos também contribuirão para modificar essa situação, reduzindo o volume de importações, com importante reflexo na balança comercial.

No âmbito do apoio à cadeia de fornecedores do setor de petróleo e gás, podem-se destacar a construção de embarcações de apoio offshore e a implantação da nova Fábrica de Tubos Flexíveis (Açuflex) da Flexibrás, empresa do grupo francês Technip, cujo objetivo é a fabricação, estocagem e expedição de tubos flexíveis para abastecer a indústria do petróleo na exploração do pré-sal.

O projeto está inserido no complexo industrial do Porto de Açu, o qual é um empreendimento logístico da empresa LLX Logística S.A., no município de São João da Barra (RJ). O porto, que será o maior investimento em infraestrutura portuária da América Latina, foi concebido com o objetivo de funcionar como centro logístico de exportação e importação para as regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

Por participar do Complexo de Açu, a Flexibrás contribui com parte das ações socioeconômicas planejadas para a região. No projeto de implantação da fábrica Açuflex, o financiamento do BNDES contempla um subcrédito destinado a investimentos sociais na infraestrutura local no valor de R$ 2,4 milhões. O projeto foi definido em conjunto com a LLX e a Prefeitura de São João da Barra (RJ) e será voltado para a expansão e implementação da Rede de Distribuição de Água para comunidades carentes do município, visando à melhoria da qualidade de vida da população.

O projeto da Eldorado Celulose e Papel, iniciado em 2010, teve suas obras concluídas em novembro de 2012, e a empresa já iniciou as vendas dos primeiros fardos produzidos. Atualmente, a Eldorado Celulose e Papel é a maior fábrica de celulose em linha única do mundo em operação. Gerou, em média, quatro mil empregos diretos em sua fase de construção e vai gerar outros mil empregos diretos durante sua operação. Até 2014, a empresa investirá R$ 25 milhões em projetos sociais nas áreas de saúde, educação e infraestrutura.

Já o empreendimento da Suzano Papel e Celulose, em Imperatriz (MA), iniciado em 2011, está com 65% de suas obras concluídas e start-up previsto para o fim de 2013. Com o investimento realizado, o projeto da Suzano desenvolve uma nova fronteira de produção naquela região, cujo IDH é de 0,722, abaixo da média brasileira. Está prevista a geração definitiva de até 3.500 empregos na região, e de 28.500 postos de trabalho na etapa das obras.

Os investimentos sociais do projeto, no valor de R$ 75,6 milhões, contemplam a capacitação de mão de obra local, programas de geração de renda, apoio à melhoria nas redes educacionais e de saúde na região, entre outros.

Além disso, o BNDES aprovou, no fim de 2012, financiamento de R$ 2,5 bilhões, para investimentos previstos de R$ 4,1 bilhões, de um terceiro projeto para produção de celulose, da CMPC Celulose Rio-Grandense. Localizado em Guaíba (RS), tem capacidade de 1,3 milhão de t/ano e previsão de start-up para o início de 2015. Trata-se de um projeto de ampliação de capacidade, que envolverá a alteração de alguns processos existentes. Com isso, entre as consequências resultantes desses investimentos, o complexo industrial se tornará autossuficiente em energia elétrica, apresentando um pequeno superávit que deverá ser disponibilizado para o mercado consumidor local, ampliando sua oferta e beneficiando a região. Sem o investimento realizado pela CMPC, a Unidade Guaíba perderia competitividade no médio prazo em função da baixa escala de produção, ou seja, seu custo de produção ficaria acima dos parâmetros referenciais mundiais. A consequência seria uma queda na atividade econômica do município, que resultaria em perda de postos de trabalho. Esse projeto tem um investimento social associado no valor de R$ 12,5 milhões.

Os três projetos têm em comum o fato de preverem a adoção das melhores práticas e tecnologias disponíveis no processo de fabricação de celulose, bem como a proteção do meio ambiente em todos os seus aspectos: o uso racional de água, a minimização da geração de efluentes líquidos, o controle das emissões atmosféricas e a redução e reciclagem de resíduos sólidos. As demandas por bens e serviços decorrentes de projetos dessa magnitude promovem ampliações dos fornecedores estabelecidos naquelas regiões e resultam na instalação de novos empreendimentos naquelas localidades. Em função dos projetos citados, prevê-se aumento da demanda nos setores metal-mecânico, de instrumentação, automação e controle, entre outros. Alguns setores intensivos em mão de obra, como o de construção civil, montagem mecânica e elétrica, são positivamente afetados.

No setor de mineração, pode-se destacar um projeto da Vale que tem como objetivo a manutenção da capacidade produtiva do Complexo de Itabira, no município de Itabira (MG), para o aumento de sua vida útil e adaptação da estrutura do complexo para o novo ROM (Run of Mine), que será beneficiado a partir de 2013, com teor de ferro abaixo do teor atual. Apenas na área socioambiental, serão investidos cerca de R$ 114,9 milhões, dos quais R$ 15,1 milhões destinados a investimentos ambientais e R$ 99,7 milhões a investimentos sociais na comunidade. Parte dos investimentos sociais será apoiada pelo BNDES, em um valor total de R$ 16,1 milhões. Os projetos sociais contemplarão investimentos nas áreas de educação e saneamento, gerando grande impacto na qualidade de vida da população mais carente desse município. O projeto deverá gerar cerca de 3.500 empregos, entre diretos e indiretos na fase de implantação e 450 empregos na fase de operação.

16. Mais informações sobre a Linha ISE – instrumento de promoção da inclusão produtiva e do desenvolvimento socioeconômico dos territórios no entorno dos projetos – estão disponíveis na seção Temas transversais: socioambiental, regional e inovação.